terça-feira, 29 de dezembro de 2009

In Libris é uma livraria, uma editora e um espaço onde se fazem coisas malucas

O local de trabalho de Paulo Gaspar Ferreira é, por vezes, confundido com a sua própria casa. "Há clientes que chegam e perguntam pelo cão", conta Paulo, que não tem uma loja ou uma montra a mostrar o seu trabalho aos transeuntes. Tem um escritório de aspecto acolhedor, recheado de livros, antigos e recentes, no primeiro andar de um discreto prédio no Largo José Moreira da Silva, no Porto.

A indefinição sentida à entrada estende-se ao próprio ofício: "Não é alfarrabista, mas também não é editor", diz a mulher, Paula, companheira de negócio. Talvez um misto, mas não se fica por aqui. Paulo e Paula gerem a In Libris-Sociedade para a Promoção do Livro e da Cultura. Fazem livros. À mão. Na In Libris só há edições limitadas, porque o tempo que os processos artesanais exigem não dá para mais.
(...) Mas as "maluqueiras" estão normalmente associadas aos livros. Livros de fotografia ilustrada por texto. É que Paulo, além de "fazedor" de livros, também é fotógrafo, editando muitos dos seus trabalhos através da In Libris. Um exemplo é Penso Sujo, pensado a partir do naufrágio do petroleiro Prestige. Paulo Ferreira fez um trabalho fotográfico a partir do desastre e convidou Carlos Tê para escrever um texto para cada imagem. O resultado foi compilado num estojo de ferro, deixado a enferrujar durante meses para imitar o casco do navio afundado. No interior, um forro separava as fotos do pesado invólucro. Não um forro convencional como os usados em álbuns de fotografia, mas um saco de lixo. "O objectivo era fazer um livro feio", explica Paulo Ferreira. (...)


in Público (28.12.2009)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Amazon vendeu mais livros digitais do que em papel

"O Kindle transformou-se no artigo mais comprado da história da Amazon. No dia de Natal, e pela primeira vez, os nossos clientes compraram mais livros para o Kindle do que em papel", revelou o grupo num comunicado.
O catálogo do Kindle inclui 390 mil títulos, na sua maior parte em inglês.
O sucesso de vendas dos livros digitais no passado dia 25 não surpreende, tendo em conta o número de Kindles que foram oferecidos como presente na véspera de Natal. A Amazon não precisou quantos títulos digitais havia vendido, indicando apenas que entre os passados dias 15 de Novembro e 19 de Dezembro, o Kindle havia sido o artigo mais encomendado na categoria de Electrónica, ultrapassando o iPod.
A Amazon disse ainda que efectuou, este ano, entregas em 178 países. O dia mais activo de 2009 para a Amazon foi 14 de Dezembro, com 9,5 milhões de encomendas em todo o mundo, entre livros, DVD, música, roupa ou artigos produtos electrónicos. (...)
in DN, 28 Dez 09

O peso e valor dos números na sociedade actual  não tem provavelmente igual com outra característica definidora ou comparatista . Com eles se ganham ou perdem batalhas e querelas. Na notícia do DN os dados parecem apontar para uma primeira e significativa vitória do e-book sobre o livro tradicional. Mas será mesmo assim a realidade?
A verdade é que estes valores referem-se apenas a vendas num local que é ele próprio digital. Poderemos estar perante uma espécie de tráfico de influências digital ou mesmo uma máfia binária de zeros e uns corruptos. Agora fora de brincadeiras, estes números são apenas reflexo de uma realidade que ainda não é universal e que não permite, por isso mesmo,  leituras globais. Eles são indicativos dos sinais de mudança de paradigma, mas não são a prova final dessa ruptura.
Por ora limitemo-nos a fixar o dia de 25 de Dezembro de 2009 como aquele onde foram vendidos mais livros digitais do que em papel na Amazon. Apenas isso...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Sumário da aula 9 (14/12)

1. Tópicos vários.

1.1. Requisitos para profissionalismo: sensibilidade, trabalho constante e gratuito, talento.
Exemplo: CR9, profissional precoce e "mutante"(características físicas híbridas a nível futebolístico).

1.2. Questão do 5 de Dezembro.
Entre dia 5 e 24 de Dezembro há 15 dias úteis e as livrarias já estão cheias. As revistas literárias fecham edições de natal em Novembro. Um livro publicado nesse espaço de tempo fica sem embalo comercial. Em consequência o editor revela, expõe a sua estratégia, pontos fracos e eventualmente até trunfos aos seus concorrentes sem compensações económicas. -
"Que os seus planos sejam tão escuros e impenetráveis quanto a noite, e quando se ataque seja como um raio", Sun Tzu em Arte da Guerra

1.3. "Um projecto de trabalho existe entre a realidade e o sonho."
Rui Zink
Conversa sobre projectos de trabalho de semestre. Propostas, hipóteses, requisitos e prazo de entrega.
.Requisitos: 5 - 10 páginas.
.Obrigatório: Interessar ao Professor! Índice bem dividido.
.Hipóteses:
- ensaio sobre uma questão teórica do meio.
- construção de um projecto editorial com catálogo incluído.
- desenvolver dois pontos do programa.
.Prazos de entrega: 25 de Janeiro juntamente com um relatório de lançamento (1/2 páginas)

1.4. O poeta sociólogo Pierre Bourdieu sustenta existir um sistema económico na edição de poesia.
No mundo da edição está instalado um sistema de alianças, um sistema humano equivalente à economia mundo, igualmente corrupto, parecido com um sistema político. Existem também "sistemas oficiais", revistas literárias com hierarquias bem definidas onde se estabelecem relações de espaços ocupados pelos vários editores. Uma editora para ser bem sucedida tem de encontrar o seu nicho nestes sistemas, espaços não explorados no mundo da literatura (ex. editora Cavalo de Ferro). O catálogo é assim o maior cartão de visita de uma editora, como empresa, é um portfolio que poderá, ou não, permitir a concretização dos negócios pretendidos.
A poesia é um espaço mais mafioso que o da ficção, o que gera aliança de poetas - a figura de um poeta dentro desse meio (sistema), é o que mais interessa já que muito pouco dinheiro se move pela venda.

.Circulação de catálogos de editoras pelos alunos - interesse a nível de estética, design e formatação (apresentação).



2. Ponto 6

2.1. Edições de autor são tentadoras mas geralmente infrutíferas, pouco eficazes. Foram desprestigiadas a partir de Miguel Torga que obteve grande sucesso.

2.2. "O importante não é editar, é fazer entrar o livro num circuito de importância simbólico", Rui Zink
Prémios prestigiados asseguram vendas e lucro mas não têm valor monetário efectivo.
"O Brasil vai ganhar um Prémio Nobel nos próximos 5 anos pois vai receber os jogos Olímpicos",
Rui Zink - Relação da literatura com sistemas económicos mundiais, apesar dos critérios se alterarem com o passar do tempo.

2.3. Relação comercial entre vendedores e mercadoria: como há mais mercadoria os vendedores cobram as editoras pelo "espaço" de exposição (compra-se aquilo que se vê).

2.4. "Racismo" na avaliação de livros começa na divisão em tipos superficiais sem uma avaliação atenta, cuidada das diferenças ou semelhanças tanto na sua génese como na sua totalidade - existe como que um "truque do ilusionismo na edição, ao se olhar para um ponto já não se olha para outro (vários materiais como instrumento, suportes auditivos, etc.).

2.5. Importância de lançamentos a nível de "engate" entre autor e editora - questão do "Cavalo de Tróia" como quem edita e se auto-insere em antologias supostamente criteriosas.


3. Termos de edição.

Follow Up: confirmar que a notícia passou - função desempenhada por um anotador - trabalho de anotação.

Sales Pitch
:
sabedoria, informação e sentido de oportunidade necessários na escolha do momento certo para "empurrar" uma proposta de publicação ou edição e levá-la a bom porto. - "(...) aquele que não se conhece a si mesmo nem ao inimigo será derrotado em todas as batalhas", Sun Tzu em Arte da Guerra

D.S.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Nova ilustração


Este a 20 - vinte! de Dezembro.

Novidades ou promoções?

Com uma rápida ida à Fnac do Colombo fiquei com a ideia de que os livros estavam com grande saída (juntamente com as Smartbox..). Ainda assim pareceu-me que as promoções eram o que estava a ter mais sucesso. Enquanto que as bancadas e prateleiras com as novidades pareciam intactas, os expositores promocionais da Leya e do "preço Fnac" estavam quase vazios.
Afinal, até que ponto a conhecida "crise" afecta a escolha dos livros? Ou será que sempre foi assim, independentemente da crise? Se sim, não nos deveriamos concentrar mais em arranjar boas promoções, em vez de boas novidades?

Fica a dúvida, espero que respondam.

mj

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Leya contrata Maria do Rosário Pedreira para editar novos autores portugueses - Cultura - PUBLICO.PT

Leya contrata Maria do Rosário Pedreira para editar novos autores portugueses - Cultura - PUBLICO.PT

Associação de Livreiros aplaude decisão da ministra

Vasco Teixeira, vice-presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros com o pelouro do livro escolar aplaudiu a decisão da ministra da Educação de não aplicar o acordo ortográfico nas escolas em 2010. Em declarações à TSF, Vasco Teixeira saudou esta quarta-feira uma decisão que diz «ir contra a corrente das asneiras deste e do anterior Governo». (...)

in TSF (link)


nota: É importante relembrar que esta decisão é apenas um adiamento da entrada em vigor e não uma vitória dos que se opõem ao acordo. Isto significa que os editores e livreiros têm que se preparar para as mudanças que serão necessárias no sector de forma a evitar complicações na transição como aconteceu, passe o paralelo, na aplicação de Bolonha nalgumas Universidades Portuguesas.

Público - Crónicas de O Nome da Rua chegam agora às livrarias

Público - Crónicas de O Nome da Rua chegam agora às livrarias

Eis a ilustração do que falámos na última aula: um livro lançado a 17 de Dezembro, a 8 dias do Natal. Vá lá, com um empurrão simpático de um jornal de referência. Inda assim...

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Alice Vieira - 30 anos de livros



A informação vem tarde, mas pode ser que alguém possa ir. Talvez passar lá uma hora apenas.

Para quem quer estar sempre por dentro...

Um blog super interessante sobre o universo literário brasileiro.

Para quem gosta de um bom intercâmbio, fica aqui a dica...

http://olivreiro.com.br/blog/

Dica: Na categoria "Resenha das resenhas" acontece um clipping com os acontecimentos do mundo literário no Brasil e no mundo.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Lançamento de EVOCAÇÃO DE SOPHIA amanhã, 16 de Dezembro, às 18h30

Convite para Lançamento


Comunidades de Leitura

C O N V I T E
As Edições Colibri e a Faculdade de Ciências
Sociais e Humanas da Universidade Nova
de Lisboa convidam V.ª Ex.ª para a
sessão de lançamento do livro
Comunidades de Leitura


Cinco Estudos de Sociologia da Cultura
da autoria de Inês Brasão, Diogo Ramada
Curto, Nuno Domingos, Rahul Kumar,
Nuno Medeiros, Tiago Santos


Dia 15 de Dezembro às 18,45 horas
Sala de Exposições do átrio do Edifício ID
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
Av. de Berna, 26 C – Lisboa


Este livro insere-se numa série de projectos destinados a
pensar as estruturas da sociedade portuguesa (...).
Os investigadores que nele participam situam
os seus inquéritos no interior de
duas linhas de investigação: a da sociologia da cultura, que
adopta as estratégias e práticas de leitura como objecto
privilegiado de análise. . .
Os estudos reunidos neste volume foram construídos
em torno de um conceito dotado de grande capacidade
heurística – o de comunidades de leitura,
como constitui um convite a levar mais fundo
uma sociologia histórica da mesma.

Absolutamente genial!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Lançamento de O SANGUE POR UM FIO de Sérgio Godinho


Com muita pena minha, não poderei ir ao lançamento deste novo livro do Sérgio Godinho porque estarei (com mais colegas) na aula de informática precisamente no dia em que temos de entregar um trabalho para avaliação.
Quem tiver oportunidade, não perca.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Sumário 8 (aula de 30/11/09)

Tema de abertura - o e-world: perda? ameaça? oportunidade?

Apresentação da Alexandra em volta deste ponto (o 5º do programa): falou-se da banalização dos blogs, dos novos suportes culturais, até que ponto os «velhos» suportes não estarão ameaçados por esta emergência tecnológica e virtual, as vantagens e desvantagens daqueles e destes.

Exemplos de novos suportes de leitura: kindle e e-book. Do «velho» suporte, o livro adaptou-se ao novo suporte: ao e-book. Nós adaptámo-nos também, sob diferentes reacções. Segundo Eco, há dois tipos de reacção relacionados com a adaptação à/da tecnologia: a dos Apocalípticos, assustados com a morte da arte; e a dos Integrados, os deslumbrados que aderem a toda e qualquer tecnologia*.

Séc.s XX e XXI: estes são os séculos da Técnica.

Em aparte (mas não menos importante):

Ideologia(s): Valores que pensamos ter -VS- valores que realmente temos (e que nos são muitas vezes exteriores)

Citação: "Toda a gente gosta da ideia de ser escritor, mas ninguém gosta de escrever" RZ

Uma das incapacidades da crítica: criticar uma obra por aquilo que poderia ter sido, não pelo que essencialmente é.

Curiosidade: Telavive é toda ela neste momento um grande internet spot.

A aula encerrou-se com uma troca de livros - também chamada «biblioteca da turma».

*http://dn.sapo.pt/inicio/interior.aspx?content_id=637881

Hugo Vicente




quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

OBSESSÃO DO FOGO



A Obsessão do Fogo é um diálogo sobre livros, entre Umberto Eco e Jean-Claude Carrière, mediado por Jean Philippe de Tonnac. O e-book vem substituir o livro tradicional? Porque sobreviveram uns exemplares e outros não? Aqui fica a sugestão.

Sumário 7

Aula de 23. 11. 09
Por Rita Quaresma Ribeiro

As publicações periódicas estão sujeitas a alguns constrangimentos no que diz respeito à forma, uma vez que o seu tamanho terá de corresponder a um padrão. O conteúdo terá de ser adaptado a essa definição prévia. Em teoria, os outros tipos de publicação não têm este tipo de constrangimentos. Porém, nem sempre se passa deste modo. Isto porque o mercado impõe uma série de factores que vale a pena considerar na altura de escolher o formato (por exemplo, qual me permitirá gastar menos dinheiro na sua produção? O livro que gostávamos de fazer nem sempre é o livro que o mercado nos permite fazer). Esta situação leva a uma padronização de formatos, que explica o facto da maior parte dos livros terem uma aparência semelhante.

Em Portugal, temos a figura do revisor e a do editor. O revisor é o que se encontra mais próximo do texto. A sua função passa pela revisão de falhas concretas e o seu trabalho é fundamentalmente técnico.
O editor encontra-se numa posição mais afastada do texto. Interfere mais ao nível da estratégia, dando sugestões mais generalistas (pode, por exemplo, sugerir que um capítulo apareça no princípio e não no fim).

No contexto das publicações periódicas, destacam-se duas figuras:
- O copy desk, que recebe os textos e faz as observações necessárias para que correspondam ao formato desejado. Não tem autonomia para tomar decisões de cariz editorial.
- O editor, que tem a responsabilidade editorial final, cabendo-lhe a tomada de decisões.
Nas publicações periódicas, existem critérios específicos aos quais o editor tem de ter atenção: a informação mais importante deve ser colocada em primeiro lugar (lead), as opiniões devem ser evitadas…
Num texto publicado em livro, os problemas serão diferentes, ainda que com uma ou outra semelhança.

O publisher e o editor
Para estabelecer a diferença entre as funções de publisher e de editor precisamos de recorrer à língua inglesa, tendo em conta que o português não possui dois termos diferentes. Ao dizermos publisher, referimo-nos ao dono/ responsável máximo pela editora. O editor, por outro lado, pretende designar a pessoa que, no seio de uma editora, trabalha com um livro concreto, sendo responsável por ele (nesta relação, pode ter mais ou menos autonomia).
A função de editor pressupõe a construção do gosto. Esta construção só pode ser feita através de muita leitura. É importante experimentar diferentes estilos e autores, pois ajuda a distinguir o que simplesmente não gostamos do que é realmente mau, independentemente do gosto pessoal.

Experiência: Enumerar os últimos 10 livros que lemos.
Há uma dificuldade de enumeração quando já foram lidos muitos livros. À medida que vamos lendo e conhecendo mais e mais autores, há a tendência para o deslumbramento ser mais raro. Se não nos deslumbramos, mais dificilmente nos ficam na memória.

Exemplo que alia técnica, sensibilidade e experiência: Richard Zenith, editor do Livro do Desassossego de Bernardo Soares (Assírio & Alvim). Ao longo dos anos, trilhou um caminho que lhe trouxe um treino e um saber específico. Através desta experiência, adquiriu um conhecimento do universo pessoano que lhe permitiu organizar, com sucesso, os fragmentos que compõem a obra, conferindo-lhes uma disposição harmoniosa.

Edição crítica
Este tipo de edição implica sempre um texto que, por qualquer razão, é fixado de acordo com alguns critérios.
- Quando um poema tem várias versões, que critérios utilizo para decidir qual das versões usar? Como fixar o texto? Qual das versões deve ser escolhida? Porque devo escolher uma e não outra?
-A edição crítica pressupõe uma reflexão criteriosa do texto. Toda e qualquer edição implica trabalho, no entanto, este tipo específico vai exigir um esforço mais profundo, que requer tempo e minúcia.
- Está frequentemente associada às universidades. Isto porque estas instituições reúnem mais condições para financiar todo o processo que a edição crítica pressupõe. As editoras comerciais têm mais dificuldade em tornar possível este trabalho, pois não é compensatório. Mesmo que venha a publicá-las, uma editora comercial não tem nem a estrutura financeira, nem o tempo que é preciso dispensar, para investir na produção de edições críticas.

Sobre o trabalho de editing
O trabalho de editing pode ser o mais interessante de todo o processo editorial, pois o editor torna-se co-piloto do autor, uma vez que lhe cabe o papel de acompanhar e aconselhar. Deste modo, participa directamente no processo criativo da obra. Ao contrário do autor, o editor está «fora do texto» e, por essa razão, consegue mais facilmente ver as falhas, as repetições… Ele é a voz que possibilita o contraponto de ideias.
Em Portugal, o panorama editorial não permite que haja tanto tempo para dedicar a esta actividade como, por exemplo, nos Estados Unidos da América. Nos países anglo-saxónicos, a figura do editor é mais preponderante.
Uma dificuldade: Como fixar o texto de autores que utilizam «erros» como desvios criativos? Como fixar Lobo Antunes ou Saramago, por exemplo?

Dois casos:
- Caso Gordon Lish/ Raymond Carver
O editor Gordon Lish vem exigir o estatuto de autor de textos de Raymond Carver, após a morte deste último. Caso extremo em que o editor reclama a autoria do livro que edita.

- Caso Eça de Queiroz
O filho de Eça de Queiroz corrigiu a obra do pai, introduzindo modificações para que ficasse mais de acordo com os padrões da época (o que veio a resultar numa puritanização dos textos).
Luiz Fagundes Fernandes limpou a obra desses melhoramentos. As opiniões não são consensuais: há quem prefira a versão do filho, pois tem o trabalho de editing de que o formato original carecia (tinha omissões), tornando-o mais legível.
O que fazer numa situação destas? Permanecer fiel ao original? Ou legitimar a mudança pela legibilidade do texto?

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Assírio & Alvim adere ao formato digital

A prestigiada editora Assírio & Alvim planeia, já para o próximo ano, reeditar em formato digital obras suas esgotadas. Toda a info aqui.

Inaugura hoje, na Biblioteca Nacional, a exposição Luiz Pacheco - 1 Homem Dividido Vale por 2, que estará aberta ao público até 27 de Fevereiro de 2010.

Um lançamento seguramente animado

Para quem estiver numa de misturar realmente trabalho com diversão, acho que este é o lançamento a ir! Ainda por cima a um domingo. É de aproveitar.
MJ



Calendário do semestre actualizado

Conforme foi dito, a turma tem direito a ter o número de aulas acordado. Quando esta não puder ser dada no dia previsto, será deslocada para outro dia. Assim, neste momento o estado da arte é este:

Aula 0 – 28/9: apresentação do programa, etc.
1 – 5/10: Ponto 1. O que é um livro? (João Tibério)
2 – 12/10: Não há aula por deslocação do docente ao congresso no Porto
2 – 19/10: 2. O que é um editor? (Carlos Serra)
3 – 26/10:
4 – 2/11: 3. Publicações periódicas e não periódicas (Gina Rafael)
5 - 9/11: Convidado: Pierre Léglise-Costa (U. Paris, Metallié)
6 – 16/11: à margem dos lançamentos. A edição contínua
7 – 23/11: 4. O editor como co-piloto e navegador
8 – 30/11: Início da biblioteca interina. 5: A edição electrónica
9 (7/12) – Não há aula, por deslocação do docente a conferência no exterior
9 – 14/12
10 – 4/1
11 – 11/1
12 – 18/1
13 – 25/1
14 – 1/2: última aula

MENSAGEM” faz 75 anos


Passam no próximo 1º de Dezembro 75 anos da publicação da primeira edição de "Mensagem" de Fernando Pessoa, o único livro de poemas em português que publicou em vida.(...)
Para assinalar esta importante efeméride a Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), a Direcção-Geral do Livro e das Bibliotecas e a Câmara Municipal de Lisboa, promovem uma sessão comemorativa no próximo dia 1 Dezembro no anfiteatro da BNP, contando o programa com a presença dos escritores Eduardo Lourenço, Manuel Alegre, Vasco Graça Moura e do actor Luís Lucas.

Nessa sessão a Guimarães Editores em parceria exclusiva com a FNAC, vai lançar uma edição da "Mensagem" facsimilada do dactiloscrito original, que faz hoje parte do espólio de Fernando Pessoa à guarda da BNP. Na ocasião, serão mostrados alguns materiais autógrafos referentes à “Mensagem” que fazem parte do espólio pessoano.

http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt
www.mundopessoa.blogs.sapo.pt

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Casa da Achada - Centro Mário Dionísio


Caros colegas,
Alguns de vocês já ouviram falar na Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, que tem sido muito noticiado pela imprensa, mas provavelmente ainda não conhecem o espaço.
Aberto ao público desde o início do mês de Outubro, o CMD é um espaço que alberga não só um centro de documentação/biblioteca que reúne o espólio literário e a biblioteca pessoal do escritor, professor, pintor e crítico de arte, como tem também uma zona pública onde pode ser visto o seu espólio artístico (obras suas e de outros autores). É um local de exposição, leitura, cinema, cursos, debates, oficinas, sessões, enfim de convívio.
No próximo sábado, dia 28, às 15h, decorrerá a segunda sessão do ciclo A Paleta e o Mundo (obra-chave na crítica de arte portuguesa da autoria de Mário Dionísio), com a presença do crítico e historiador Rui Mário Gonçalves, com o tema A Ciência Contra a Arte? Para além disto, todas as segundas-feiras, às 21h30, e até pelo menos Janeiro, decorre o Ciclo de Cinema Neo-Realista Italiano de entrada livre.
O horário é o seguinte:
Segunda, Quinta e Sexta - 15:00 / 20:00
Sábados e Domingos - 11:00 / 18:00.
Há portanto muitas e boas razões para lá darem um salto.
Aqui fica o link.

Lançamento de PAPEL A MAIS de Resendes Ventura

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Sumário 5 (aula de dia 16. 11.09)

Sumário da aula de dia 16.11.09
por Ana Simões

1. Lançamento de um livro – quando tem sucesso?

Um lançamento é um acto público cujo objectivo é promover o livro em questão. Há uma série de factores que tem de ser tomados em consideração quando se pensa em promover um lançamento: deve ser adequado ao orçamento disponível, ao livro em questão ao autor, à filosofia da editora, aos media, ao número de convidados potenciais, etc. Há uma tentativa de interpretação do livro – espécie de coreografia que se adeqúe à natureza do livro. Ex: pessoas vestidas de vampiro e bebidas que se assemelham a sangue num lançamento de um livro sobre vampiros.

Dilema: Denunciaria um amigo à polícia política em tempo de ditadura? Não. (absoluto) – E se lhe apontassem uma arma à cabeça ou à de um familiar? É normal estarmos todos do lado do vencedor mas na realidade a vida é uma circunstância. Não se deve dar respostas absolutas porque a verdade é circunstancial. Como tudo, também o lançamento de um livro depende de circunstâncias.

2. Impressões sobre a aula anterior – Conversa com Pierre Léglise-Costa, editor da editora Métailié

Foi interessante ter uma perspectiva de quem está de fora – ter uma visão de como é o mundo editorial internacionalmente. Costa é um “editor à antiga”. Em relação ao ponto anterior a editora Métailié especializou-se em edições espanholas e portuguesas também devido às circunstâncias. Assim o que os editores fazem (como os artistas) é tentar adaptar-se às circunstâncias e tirar partido delas.

3. Dois títulos diferentes para o mesmo texto. Qual o motivo?

O livro da autoria de Martin Cruz Smith tem como titulo December 6 na 1ª edição (Nova Iorque) e na 2ª edição Tokyo Station (Londres). Isto deve-se ao facto de o título usado na 1ª edição referir uma data que apenas terá um significado especial nos Estados Unidos – ataque a Pearl Harbour. Por não ter uma associação imediata noutros países, ao ser editado num outro país, como no Reino Unido, é necessária a atribuição de um título que funcione internacionalmente.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Todos os dias há novos sítios ligados à edição

Este apareceu-me esta eu a enviar uma e-carta. Ainda nem provei, mas já fui na conversa:
http://www.bookdrum.com/

domingo, 22 de novembro de 2009

"Tudo o que você sempre quis saber sobre o Kindle"

“En voyage avec mon Kindle “.

LE MONDE | 22.11.09 | 13h13 • Mis à jour le 22.11.09 | 13h39

Il est beau mon Kindle. D'un blanc immaculé, fin comme un crayon à mine, format 20 centimètres sur 13. Trois cents grammes en tout. La presse en a beaucoup parlé quand il est arrivé en France il y a un mois et, forcément, on a eu envie de l'essayer. Ni technophile ni technophobe, on n'avait pas d'a priori sur ce lecteur de livres numériques dont Amazon, le géant américain de la vente en ligne, est si fier. Malheureusement, après des heures passées le nez dessus, on ne sait toujours pas quoi en penser. Un "bouquineur" ne remplacera jamais un livre de poche que l'on corne, biffe et souligne à loisir. Mais sans un Kindle, on n'aurait pas pu emporter en vacances, à la Toussaint, autant de Jules Verne. Trente romans, en version française, téléchargés en quelques minutes pour 2,30 euros en tout !

Livraison comprise, l'engin coûte 176 euros. Sa mémoire ventrue permet de stocker mille cinq cents ouvrages, c'est le fabricant qui le dit. Le grisé de l'écran (15 centimètres de diagonale) peut paraître terne au premier abord, mais c'est reposant pour les yeux. On peut choisir entre six tailles des caractères. Et même basculer en mode audio le livre qu'on est en train de lire, si l'on est au volant de sa voiture par exemple.

Faiblesse cardinale des écrans nomades, la batterie se recharge en quatre heures environ, sur une prise de courant. Ou en branchant son Kindle sur un ordinateur via un port USB. Hors connexion, on peut l'utiliser plusieurs jours durant. Le mode connexion, lui, met la batterie à plat beaucoup plus vite.

Pour télécharger les livres ou les journaux du catalogue, on passe par le même réseau que les téléphones mobiles (GSM, Edge ou 3G). Pas besoin d'un abonnement, c'est Amazon qui paie la facture.

Attention : le géant du commerce électronique n'a pas conclu d'accord avec tous les opérateurs de la planète. Impossible, par exemple, de connecter sa "liseuse" au réseau si l'on est en vacances à Sidi Bou Saïd, bien que la Tunisie soit dotée d'un réseau GSM convenable.

Quels livres, quels journaux télécharger ? Côté bouquins, si on lit l'anglais, le choix est étendu : 302 871 titres exactement, y compris des classiques de la littérature française. Au hasard, Swann's way, by Marcel Proust. Mais, pour l'essentiel, le catalogue du Kindle a été bâti par des Américains, avec un prisme américain. Si l'on fait une recherche au nom d'Eisenhower, trente-trois titres apparaissent. Aucun sur de Gaulle alors qu'il existe d'excellents ouvrages en anglais sur l'homme du 18 juin. Combien ça coûte ? Autour de 8 euros par livre généralement, ainsi pour un best-seller récent.

Le catalogue des ouvrages en français est riche de huit cents titres, de littérature surtout. Tout Alexandre Dumas, tout Shakespeare, Pascal, Sade, Stendhal, Balzac, Zola... Avec des lacunes inexplicables. Le Retour de l'exilé, de Louis Fréchette, mais pas Chateaubriand. L'Eau profonde, de Paul Bourget, mais pas Rimbaud.

On peut aussi s'abonner à la version Kindle de cinquante-cinq quotidiens et trente-trois magazines dont, en France, Le Monde et Les Echos. Mais là, franchement, on ne voit pas l'intérêt. Leurs versions en ligne ou pour iPhone sont beaucoup plus ergonomiques. En couleur de surcroît et gratuite dans le cas du Monde.

Finalement, on n'est pas certain d'avoir fait un bon achat. Non par hostilité de principe au livre numérique. C'est l'avenir. Mais parce qu'il est très difficile de prendre des notes sur ce "bouquineur" et de souligner des passages, même si ces deux fonctions existent. Clavier américain aux touches lilliputiennes, curseur désespérément lent...

Argument massue : pourquoi s'encombrer d'un nouvel écran ? Si l'on veut lire un livre numérique, un Smartphone ou un Netbook (un ordinateur portable petit format) font aussi bien l'affaire, on a essayé. En plus, Amazon vient de lancer une application qui permet de télécharger son catalogue sur un PC ou un iPhone, même si l'on n'est pas propriétaire d'un Kindle. Alors...

Courriel : legendre@lemonde.fr

sábado, 21 de novembro de 2009

Publicidade e independência nos media

A claustrofobia democrática através da publicidade
Por Eduardo Cintra Torres, Público 21/11/09 (ect@netcabo.pt)

Comentário prévio: este é um artigo de opinião tirado de um jornal. As opiniões reproduzidas são do seu autor e interessam para a aula porque tocam um ponto fulcral: o do potencial controlo de conteúdos em publicações periódicas através da compra (ou promessa de sompra, ou compra nenhuma) de publicidade. Aliás, estas acusações podem ser feitas também a empresas privadas. Há um ror de publicações que desapareceram por, embora terem leitores em número idêntico ou superior ao de publicações semelhantes, não angariavam publicidade.

Bloco de Esquerda tomou uma iniciativa excelente ao pedir no Parlamento, ao Governo, que torne públicos os investimentos em publicidade dos ministérios, institutos e empresas públicas em 2008 e até Junho de 2009. Receio que o Governo se esquive a responder com informação séria, para não reconhecer um eixo fundamental da sua estratégia política de controlo da sociedade, mas, quaisquer que sejam os resultados da medida, ela serve desde já para chamar a atenção para um poder político injusto, discriminatório, metediço e censório em relação aos órgãos de informação.

Há anos que os media que se portam "mal", publicando informações e opiniões que desagradam ao Governo, são vítimas do garrote financeiro, quando o executivo, contra todas as regras de civilidade e equidade democráticas, lhes recusa publicidade oficial. A quebra de receitas pode ter efeitos devastadores num negócio, o da imprensa livre, que vive em primeiro lugar, desde o século XIX, da publicidade.

A asfixia da independência dos media, cortando-lhes anúncios, é também praticada pelas empresas amigadas com o Governo, como se tem visto pelo menos com um banco privado conhecido pelas suas eternas ligações ao poder: usa a (não) colocação de publicidade como pressão política indirecta. E o director do Sol revelou esta semana à Sábado: "Uma pessoa do círculo próximo do primeiro-ministro e que conhecia muito bem a situação do jornal e a nossa relação com o banco BCP disse-nos que os nossos problemas ficariam resolvidos se não publicássemos a segunda notícia do Freeport." A publicidade do BCP no Sol caiu 68% nos primeiros nove meses do ano.

Além disso, Governo e organismos dependentes injectam dinheiro através da publicidade nos media que fazem favores e proporcionam formas de financiamento às empresas que alinham nos seus interesses, como se viu pelo dinheiro disponibilizado à OnGoing, para comprar parte da MediaCapital, pelo fundo de pensões da PT e por um banco mutualista, o Montepio, que não deveria, por norma, meter-se em negócios arriscados.

O caso dos órgãos de informação da Controlinveste, como o DN, tornou-se compreensível aos menos atentos quando se conheceram conversas sobre ajudas ao "amigo Joaquim", isto é, Joaquim Oliveira. O caso da "notícia" do suposto e-mail, "notícia" que pode ter sido suficiente para garantir a vitória eleitoral ao PS, é o caso mais paradigmático da relação pornográfica entre alguns media e o centro nevrálgico do poder político. O grupo Controlinveste tem conhecidas dificuldades financeiras e quem, segundo a imprensa, renegociou a sua dívida no BCP foi Armando Vara, uma das pessoas mais próximas de Sócrates. Quanto à rádio do grupo, a TSF, escrevia sobre ela há dias, no blogue Corta-Fitas, António Figueira: "Uma estação de rádio que tem programas a meias/inspirados/pagos pelo IEFP, Igespar, Instituto do Desporto de Portugal (e se calhar outros; cito estes de memória) ganharia em chamar-se Antena 4; clarificava as coisas."

Em alguns casos não se trata apenas de divulgar propaganda governamental. Trata-se de tentar destruir adversários. O caso do e-mail é de novo paradigmático. Recorde-se que o actual Governo trabalhista britânico se viu obrigado recentemente a demitir dois assessores que se dedicavam a inventar falsidades sobre a vida privada de adversários políticos.

A subsidiação discriminatória representa mais do que um prémio de "bom comportamento" aos media dos "amigos Joaquins" que há por aí. Trata-se, como afirmou Francisco Louçã esta semana, de um autêntico "regime de controlo da comunicação social pelo Estado". Nunca em Portugal houve uma máquina de propaganda como a montada por este Governo. Já lhe valeu uma vitória eleitoral e um desgaste permanente dos adversários e dos críticos, bem como o silenciamento de muitos empresários, militares, funcionários públicos, jornalistas e outros. Esperemos que a iniciativa do Bloco de Esquerda marque um novo passo no combate da sociedade civil pela independência dos media face ao poder político, uma luta que tem sido extremamente difícil em Portugal.e 2005 para 2009, a RTP1 e TVI e mais ainda a SIC perderam espectadores, ou para o cabo, ou para outras fontes de entretém. À parte grandes eventos, como o desporto, ou um programa-lotaria, que só sai às vezes, como o Big Brother ou o Gato Fedorento, o modelo da TV generalista já não se mostra capaz de acrescentar público, sem que exista, entretanto, um modelo alternativo.

Deste modo, acumulam-se os desastres, como Dança Comigo no Gelo, mais uma frivolidade da RTP1 paga com o dinheiro público para não atrair mais do que 6,5 por cento da audiência; como Família, Família, também na RTP1, com 5,6%, como M/F, na SIC, abaixo dos cinco por cento; ou até como Uma Canção para Ti, na TVI, que perdeu cerca de 800 mil espectadores em três meses. Tem havido outros programas que desaparecem sem deixar rasto, outros passam do horário "nobre" para as madrugadas e fins de semana.

A obsessão com o modelo "para toda a família" é exemplar num programa de título insistente: Família, Família (RTP1, sextas). Segue, como outros, o modelo de entretenimento da RAI Uno, que Luís Andrade trouxe de Itália há décadas e se mantém como paradigma no canal mais comercial do Estado. Se nos anos 80 já era um anacronismo, hoje parece saído do museu da televisão: o visual piroso, o ritmo, a falta de jeito das dançarinas, da apresentadora, do júri e das famílias (desafinadas, descoordenadas) - mais um entretenimento indigno dum canal pago pelos contribuintes. Qualquer semelhança com A Visita da Cornélia, comparação que a RTP teve a lata de fazer, é um insulto aos autores desse concurso dos anos 70 e aos espectadores.

Tudo é fabricado, tudo é plástico, tudo é horrendo, os sorrisos permanentes são mais falsos que os das hospedeiras de bordo. Depois de prestações tenebrosas pelos grupos concorrentes, a jurada Maria João Abreu afirma: "As duas famílias foram brilhantes." E, no júri, Manuel Serrão, um empresário que passa mais tempo em programas de TV e na imprensa do que na sua empresa, representa alegre como sempre o seu habitual papel de Fernando Mendes do Porto. Nenhum dos intervenientes consegue dizer uma frase que seja com interesse ou com autenticidade.

As famílias actuais já não se adequam ao modelo que estrutura o programa. Na segunda semana, uma participante disse sobre a sua "família" com quem partilhava o palco: "Não vivemos todos juntos." A apresentadora teve que mudar de conversa. As "famílias" são inventadas para a ocasião. Nem mesmo os programas para "toda a família" conseguem reunir em palco "toda a família". Já o programa M/F substituiu rapidamente os casais por "famosos" sem relação familiar. No Dança Comigo no Gelo, em que a primeira dança nas "semifinais" começou aos 19 minutos (!), também se recorre a "conhecidos", género que se tornou o pólo de atracção de dezenas de programas generalistas. Está visto que as "famílias" de hoje se identificam mais com os "famosos" do que com o tio, a prima ou até o papá ou a mana, mas os programadores da TV generalista vão simulando famílias de outros tempos numa busca desesperada de audiência para programas baseados num modelo de há 50 anos.As "famílias" tipo Addams
dos canais generalistas (FALTA TEXTO, mas presume-se o que falta...).

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Um tipo de livro de editor

João Garcia e Rui Nabeiro apresentam “10 Passos para Chegar ao Topo” a 19 de Novembro
18/11/2009 · Deixe um comentário
A Caderno agendou para 19 de Novembro (quinta-feira) o lançamento da obra 10 Passos para Chegar ao Topo, assinada em conjunto pelo alpinista João Garcia e pelo empresário Rui Nabeiro. A apresentação, a decorrer às 19h00, no Espaço Delta Q, no Atrium Saldanha, em Lisboa, caberá a Luís Mira Amaral e Rui Zink.

Sobre o livro: «O Comendador Rui Nabeiro é o empresário mais bem sucedido do seu ramo. João Garcia é o melhor alpinista português e um dos melhores do mundo. À primeira vista, tudo os separa: nasceram em épocas diferentes, seguiram percursos diversos. Mas se nos aproximarmos um pouco mais de ambos, se os ouvirmos com atenção, percebemos o que têm em comum: sabem o que querem e são movidos pela enorme ambição de chegar à meta.
Neste livro dá-se início a uma viagem paralela. Acompanhamos dois empreendedores, passo a passo, rumo ao ponto mais alto das suas carreiras. Ficamos a saber como constroem as equipas, como definem a rota, como escolhem o timing certo para atacar a montanha. Testemunhamos o trabalho árduo, mas também as recompensas – e aprendemos o método e os segredos que nos ajudarão a atingir os nossos objectivos, a conquistar o nosso próprio Evereste.»

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Sumário 4 (aula de 2 de Novembro de 2009)

Aula 4 (2/11/09) – Sumário

1. «A natureza da edição»: apresentação de Gina Rafael

Apresentação de definições relativas aos conceitos de «edição», «editor», «livro», «cadeia do livro» e «imprensa», seguidas das características de uma publicação periódica. Primeiro jornal português: Gazeta de 1641 (nome pelo qual é conhecida, apesar do título original ser Gazeta Em Que Se Relatam As Novas Todas, Que Ouve Nesta Corte, E Que Vieram De Varias Partes No Mês De Novembro De 1641). Diário de Notícias, fundado em 1864 como modelo para os novos periódicos. Conceitos de «jornal» e «revista». Hierarquia editorial (exemplos do jornal Expresso e da revista Sábado).

2. Livro, jornal, revista – o que edissão

a) Grande desafio que se coloca às publicações periódicas: precisamente a periodicidade que obriga a timings rígidos e a uma estrutura bem montada e bem controlada.

b) Diferenças importantes entre publicações periódicas e livros: sistema editorial mais controlado, maior exposição durante períodos mais curtos (vida curta do jornal), maior vulnerabilidade à política e um circuito de venda com base no quiosque.

c) A importância do calendário e do bom planeamento na edição.

3. Coerência interna – a regra do jogo

A coerência interna nos projectos de uma Editora: ao nível do catálogo (colecções com sentido e «compatibilidade» entre autores) e ao nível do texto (opções gráficas, opções de revisão e de tradução, etc.). Alguns bons e maus exemplos (D. Quixote e Carolina Salgado, Asa e Mário, Bertrand e tradução de O Símbolo Perdido, de Dan Brown).

4. Ciência, arte, lotaria – racionalidade e irracionalidade

O editor enquanto técnico e enquanto artista: um bom editor tem um pouco de artista.

5. Ainda o «Pequeno grande editor»

A pluralidade de funções executada por um reduzido número de pessoas em comparação com as enormes estruturas das grandes Editoras e grupos editoriais.

Estratégias de sobrevivência para as pequenas e médias Editoras: marcar a diferença e conhecimento do mercado.

TPC

a) comprar um jornal e procurar perceber quais as partes do mesmo que são «pré-fabricadas»;

b) pensar em questões para colocar ao convidado da próxima aula.

Próxima aula – 9/11/2009

Conversa com Pierre Léglise-Costa, editor da Metailié (Paris).

A não esquecer:

Blog de Teoria da Edição: Tedi09.blogspot.com

Lançamento- Fotobiografia Amadeo de Souza-Cardozo

«Uma fotobiografia do pintor Amadeo de Souza-Cardoso, publicada pelo Círculo de Leitores e pela Temas & Debates na colecção "Fotobiografias do Século XX", será apresentada a 20 de Novembro no MUDE - Museu do Design e da Moda, em Lisboa.
A obra, com direcção de Joaquim Vieira e texto de Margarida Cunha Belém e Margarida Magalhães Ramalho, será apresentada pelo designer Henrique Cayatte, numa sessão com início às 19:30.»

http://dn.sapo.pt/cartaz/artesplasticas/interior.aspx?content_id=1418757

Sumário 4

Por Carla Castela (09/11)

Creio ter sido um privilégio, para todos os que puderam estar presentes, ouvir as palavras de Pierre Léglise-Costa, editor das Les Éditions Métailié. Para os demais ficam aqui alguns dos pontos abordados.
Pierre Léglise-Costa- O início de uma aventura editorial
a) introdução
Em 1983 são traduzidos para francês Os Cus de Judas e O Memorial do Convento. Esta tradução levada a cabo por Pierre Léglise-Costa constitui o primeiro impulso da tradução de António Lobo Antunes e José Saramago.
Apesar da primeira tradução de Fernando Pessoa para francês datar de 1935, por um embaixador que conheceu o próprio autor, é sobretudo no ano de 1985 que é iniciada a maior aventura editorial dos últimos anos. De uma reunião em que estavam presentes Léglise-Costa, Joana Varela e Christian Bourgois sai a ideia para uma edição de Pessoa. Esta será a única a ascender ao Olimpo da edição. Nenhum outro autor português se encontra editado pela Pléiade, o que de acordo com o significado vigente de que todos os que não figuram nela não existem, Pessoa é então o único autor português que existe.No primeiro ano venderam-se cerca de 17 mil exemplares.
Num segundo momento são traduzidos fragmentos do Livro do Desassossego e a própria tradução do título para francês revelou-se uma tarefa particularmente complicada, como aliás todos os títulos acabam por o ser. Em reunião procuraram encontrar na língua francesa uma palavra que fosse ao encontro do que era pretendido e foi justamente ao folhearem um livro de Henri Michaux que surgiu a ideia de Intranquilité-surgiu assim Le Livre de L’Intranquilité- O título escolhido causou grande contestação, a crítica de ambos os países foi esmagadora. O interessante é que decorridos cerca de 24 anos não só Pessoa entrou na vida intelectual francesa como a própria palavra intranquilité faz parte do quotidiano intelectual, político e mediático.
Os dois aspectos essenciais 1) um português passa a figurar no pensamento francês, as inúmeras referências são uma constante. 2) este esforço de dar a conhecer autores portugueses constituiu uma grande aventura editorial, que ainda hoje se traduz na procura de novos autores.
 
b) Alguns aspectos práticos
Os meios de produção de uma colecção portuguesa traduzida são bastante diferentes de uma colecção francesa. Uma tradução de português para francês faz com que o texto se alongue cerca de 12%, o que comporta outros gastos.
Não há uma fórmula de sucesso que se possa aplicar à actividade editorial. Qualquer casa corre os seus riscos. Para que um livro não cause nem prejuízos nem ganhos terá de vender cerca de 2100 exemplares. Pierre Léglise-Costa demonstrou-nos o caso da edição de José Régio, que teve na sua base a vontade que Manuel de Oliveira tinha em ver Régio publicado em França, que acabou por ser um desses casos de insucesso. Nesta situação em particular estava em causa uma óptima relação entre Manuel de Oliveira, cineasta profundamente admirado fora de portas que se inspirou em várias obras de Agustina Bessa-Luis, e a editora Les Éditions Métailié, que publicara Agustina.Por oposição encontramos os livros de Arnaldur Indridason que têm tido uma grande procura e que acabam por equilibrar as contas e possibilitar a aposta noutros títulos que possam figurar do catálogo da editora mas que não é previsível o modo como serão recebidos.
Plaisir de la lecture (Anne Marie Metailié) ou a coerência interna- Diversas vezes chegam às editoras manuscritos que quantas vezes são guardados nas gavetas e quando se dá conta são já o último tema de conversa parecendo que se falhou a oportunidade. No entanto, acontece que existem ainda aqueles editores que preferem manter a sua linha editorial a sacrificá-la às vendas. O manuscrito de O Alquimista chegou a dada altura à Metailié e Anne Marie deu-o a ler a Léglise-Costa que lhe disse que o manuscrito possuía as características, os ingredientes que agradariam ao grande público. Je me refuse a publiqué merde calculo ser a ideia mais próxima do que Anne Marie Métailié terá dito e que por si só justifica o conceito de coerência interna.
A noção de calendário- A importância em escolher o momento certo para editar um livro pode ser meio caminho para a viabilidade comercial do mesmo. Porquê o impacto positivo de Os Cus de Judas em 1983? Porque surge no momento certo. Se por um lado a Revolução de Abrir suscitava interesse, bem como todo o processo de descolonização, por outro lado na literatura francesa essa temática, tenhamos em atenção a guerra na Argélia, não era mencionada.
Das relações com os media e com os livreiros- A importância que os suplementos literários, do Le Monde, Le Fígaro e o Libération, têm para o interesse do público num determinado livro (também não é possível esquecer a importância dos prémios literários que por toda a França abundam) basta para que seja necessário manter os contactos com os critícos. Da mesma forma que fazer o tour das livrarias é por vezes necessário.Verificar de que forma os livros são expostos, falar com os livreiros dar-lhes a conhecer determinado livro.
A questão da educação- é fundamental que haja um incitamento à leitura. A língua, a própria organização das ideias só podem ficar a ganhar. É cada vez mais inqualificável que a educação nacional se guie por baixo.
Por último, o Reconhecimento por parte dos vários intervenientes é essencial. Ao fim de duas décadas de trabalho, que inicialmente resistiu pela colaboração desinteressada (ou não remunerada) dos seus participantes, Les Éditions Métailié ganharam o seu espaço, firmaram o seu nome no mercado editorial e livreiro.
Dois episódios
Em casa de uma família burguesa francesa quando Pierre Léglise-Costa falava da literatura portuguesa, dos livros entretanto publicados, os comentários eram imediatamente remetidos para a mulher da limpeza que era portuguesa, o homem das obras português que eram muito boas pessoas, bons católicos. Ao que o editor que na altura tinha uma resposta concebida para as ocasiões dizia que tinha uma mulher da limpeza francesa com todos os vícios e mais alguns. O que importa realçar desta questão da imigração é a forma como foi criada uma visão limitada da suposta pequenez dos portugueses, por vezes concebida por dentro. O outro aspecto deste episódio prende-se com a abertura, a nova conceptualização que a edição de Pessoa, Lobo Antunes e Saramago veio trazer.
 
Num Starbucks, perto da Universidade de Burkley, Léglise-Costa e um amigo estão a ler cada um seu respectivo livro quando se dão conta que estão rodeados por cerca de meia centena de pessoas, estas com os seus Iphones, Kindles, laptops com uma perfeita indiferença pelo que as rodeava. Estes dois dinossauros que entretanto resolvem chamar a atenção para toda esta situação não o conseguem

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

ATELIER ESTRAMBÓTICO PARA CRIANÇAS




«Vem descobrir o mirabolante universo do Animalário Universal do Professor Revillod, onde existem os mais extraordinários animais: um tigre com corpo de vaca e cabeça de galinha ou um estrambótico hipopótamo com corpo de pulga e rabo de peixe. Neste atelier, vamos explorar as diferentes combinações de animais, inventar o nosso próprio animal e responder a um sem-número de perguntas: Que som fará? O que come? Como se movimenta? São 45 minutos de imaginação, orientados por Susana Alves, a convite da Orfeu Mini.A participação é livre e podes trazer o pai, a avó, o vizinho, a amiga ou o irmão... Aparece e aprende, divertindo-te!»


ANIMALÁRIO UNIVERSAL DO PROFESSOR REVILLOD
Atelier estrambótico para crianças 4 - 8 anosLivraria Trama
14 Novembro Sábado 11h00

www.orfeunegro.org

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Uma lenda da edição portuguesa

MANUEL HERMÍNIO MONTEIRO – m.h.m.
EM SESSÃO NA CINEMATECA PORTUGUESA
com mais dois filmes de André Godinho, RIDERS e FONTE SANTA
QUINTA-FEIRA, 12 DE NOVEMBRO, ÀS 21H30

Sinopse:
O Hermínio gostava de partilhar os seus segredos. Trás-os-Montes era um segredo, como a noite de Lisboa. A comida era um segredo, como o vinho e os charutos. Os amigos eram um segredo, como os poetas, que também eram os amigos. E os livros eram o maior segredo. Desvendou-os todos na Assírio & Alvim.

domingo, 8 de novembro de 2009

Philip Roth predicts novel will be minority cult within 25 years
http://www.guardian.co.uk/books/2009/oct/26/philip-roth-novel-minority-cult

Why has John Le Carré left his publisher out in the cold?
http://www.guardian.co.uk/books/2009/oct/29/john-le-carre-publisher


guardian.co.uk

Novo espaço Assírio & Alvim no Chiado

De paragem obrigatória, o novo espaço da editora Assírio & Alvim abriu ao público esta sexta-feira, dia 6, na Rua do Carmo (ali como quem vai para a Fnac), e lá continuará até 31 de Dezembro. As promoções e ofertas parecem ser tentadoras. Toda a info aqui.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Editions Métailié

...des livres pour vivre passionnément...

Tanto o site (link) como o blog (link) são  bastante bem organizados e a informação é acessivel. Aconselho a leitura da história da editora Métailié, assim como uma vista de olhos no catálogo, para melhor preparar as questões a serem apresentadas ao editor Pierre Léglise-Costa na próxima sessão.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Sumário ou acta, eis a questão

Errata:
rima e é verdade,
mais que sumários,
os sumários são acta
mas
não há grandes danos
há que ter da coisa
uma visão dialéctica
afinal
somos apenas humanos
e chamar sumário a acta
é só liberdade poética.

Sumário 3

Por Alexandra Antunes(26/10)

1.No mundo da edição. Retomando alguns conceitos e definições.
Na sequência da aula anterior foi retomado o debate sobre alguns conceitos de enorme relevância, a saber:
- Quando é que um livro é um livro para o Estado? Quando tem mais de quarenta páginas, o que consiste numa definição legal de livro. No entanto, isso não significa que os restantes livros existentes não sejam livros pois existem inúmeros exemplos de casos em que a totalidade de páginas de um livro é inferior ao número estabelecido por lei.
Apesar de a presente cadeira dedicar a maior parte do seu tempo à edição de livros em papel, convém não esquecer a importância das edições periódicas (e das diárias) nas quais o papel do editor e respectivo processo de edição merecem, também, grande destaque. E já que falamos no mundo das edições periódicas e diárias, aproveitamos para referir que a importância do livro para os media não tem sido a mesma ao longo dos tempos, principalmente nos últimos dez anos. Por exemplo, um jornal de referência, há dez anos atrás, tinha um suplemento de quarenta páginas dedicado ao livro e à crítica literária; na actualidade, esse mesmo jornal dedica ao livro apenas duas páginas. Também extinta há três anos foi a prestigiada «Colóquio Letras» e a editora & etc tinha uma revista literária que infelizmente já não existe. O que existe, nos dias que correm, são somente recensões críticas sobre os livros que saem…
- O autor é a entidade mais previsível, isto porque qualquer pessoa poderá vir a sê-lo. Todavia, a definição de autor varia bastante, dependendo sempre do tipo de obra/livro que o autor produz. E quando é que o autor termina a sua obra? Quando afirma a ter acabado e quando a dá ao editor.
É bem provável que um autor de poemas seja o único a amar verdadeiramente o seu livro de poemas… mas é muito raro dar-se o caso de um editor sacrificar a sua vida por um autor…
Convém relembrar que a marca estilística é uma característica da literatura e não da autoria, isto porque existem autores que apagam essa mesma marca.
A opção estilística é o erro de quem domina a regra. Exemplos disso são dois conceituados escritores, António Lobo Antunes e José Saramago.
- O editor é uma definição abstracta para designar a pessoa responsável pelo fazer do livro. É ele quem estabelece a relação entre o autor e o leitor tratando de todos os processos, desde a chegada do livro em manuscrito à editora até, por fim, chegar às mãos do leitor. Todo este trabalho em que o editor está envolvido, no fundo, acaba por fazer dele uma espécie de casamenteiro colocando-o, ao mesmo tempo, numa relação que se pode apelidar de triângulo amoroso.
De facto, há casos em que um artista casa com o seu agente/editor (temos exemplos disso não só na literatura mas no teatro, cinema, etc.). Todavia, e em princípio, o editor está sempre um passo mais afastado, isto é, nunca chega a envolver-se com tanta profundidade. Por essa razão, como disse a nossa colega Ana Reis, um editor poderá ver um livro como seu filho adoptivo.
Citação: «Um grande editor deve olhar para o céu mas ter os pés bem assentes na terra.»
- O mundo da edição é uma área na qual amadores, nos dois sentidos da palavra (o competente e aquele que ama) e profissionais se tocam.
Paradoxo: Actualmente, num emprego, quanto menos competências têm as pessoas, mais tarefas e de maior responsabilidade lhes são atribuídas.
Observação A: Também é verdade que estamos a viver numa época na qual ocorrem imensos despedimentos de funcionários obrigando aqueles que continuam na empresa a trabalharem mais e por menos dinheiro…
Sugestão de cinema: «Broadway Danny Rose», de Woody Allen. Filme que se insere na terceira fase do realizador e com o qual podemos aprender bastante sobre o mundo da edição; a figura do agente cruza-se com a do autor.
Pensamento: As ideias levam tempo a nascer, a desenvolver e a morrer; o facto de a lei mudar não significa que mudem as nossas cabeças.
Problema: Porque é que existem guerras? O Professor deu-nos a solução para acabar com elas! Vejamos: Quando alguém quiser o mesmo emprego para o qual nos estamos a candidatar, deixemos essa pessoa ficar com ele; há alguém que nos passa à frente na fila do supermercado? Pois deixemo-la passar! E se formos assaltados? Bom, se calhar o assaltante até tinha as suas razões para agir como tal…

2.Apresentação do colega Carlos Serra: Exemplo de pequeno grande editor.
A & etc é uma pequena editora de culto, com um perfil bem definido, que edita essencialmente textos e autores de cariz alternativo. Dirigida desde 1974 por Vitor Silva Tavares, mantém até hoje uma política de baixas tiragens, editando não mais do que dez livros por ano, sem reeditar os seus títulos esgotados.
Esta editora não tem quaisquer fins lucrativos e o dinheiro que faz é utilizado para a edição dos livros seguintes. Trata-se de uma editora totalmente independente na qual a existência de computadores ou sistema informático é praticamente nula. Não tem copyright, e o editor mantém uma postura um pouco à margem. Mas a verdade é que este pequeno grande editor tem conseguido manter de pé a sua editora já lá vão trinta e cinco anos – facto que se deve aos poucos custos e a uma renda muito baixa.
A & etc foi a primeira editora em Portugal a editar os primeiros autores surrealistas portugueses, tais como Alexandre O’neill e Mário Cesariny, e no seu catálogo constam autores portugueses e estrangeiros entre os quais destacamos Alberto Pimenta, João César Monteiro, Álvaro Lapa, Herberto Helder, António Ramos Rosa, Paul Lafargue, Antonin Artaud, Rilke, Sade, Trotski ou Roger Vailland.
Apesar dos poucos recursos informáticos, os seus livros, de carácter artesanal, apresentam um formato singular, pequeno e quase quadrado, com um grafismo e produção cuidados.
O seu número de tiragens, como foi referido, é bastante pequeno, principalmente se compararmos estes números com aqueles que saem anualmente de uma grande editora de que é exemplo a D. Quixote. Contudo, não obstante esse facto, as suas pequenas tiragens têm grande qualidade, daí o editor ser pequeno (pela quantidade) mas grande (pela qualidade).
Enigma: Há três pessoas que vão a uma entrevista para concorrer a um cargo dirigente numa empresa de Gestão. É-lhes feita a seguinte pergunta: 2 + 2 = ?
a)O primeiro candidato, licenciado em Economia, responde 2;
b)O segundo candidato, com um MBA em Gestão, responde 11;
c)A terceira candidata, professora do liceu e licenciada em Filosofia, responde 2 ou 11 dependendo da situação/contexto.
Qual dos três candidatos ficou com o lugar? Todos os alunos que responderam a este enigma escolheram a candidata c) mas na verdade a resposta mais acertada seria nenhum. Quem ficou com o lugar foi o primo do Director que não possuía sequer um curso!
Após os alunos terem respondido por escrito à pergunta “O que é um tradutor, revisor, paginador, etc.” procedeu-se ao exemplo de um livro da editora & etc. Falou-se, também, na questão das tiragens e dos editores ambiciosos: quanto maior a tiragem de um livro, mais dispendiosa é a edição de cada exemplar. 7000 exemplares é um bom equilíbrio entre ousadia e um certo temor…
Observação final: O grande defeito das editoras marginais é que apesar de serem excelentes não nos dão emprego.
Equação visual: X (f, g, h, y…) =
Significa isto que podemos encontrar as mesmas funções (em abstracto) quer numa pequena editora, quer numa grande editora mas com a diferença de que, de um lado temos apenas uma pessoa, do outro temos várias.
Anedota A: Usamos alta tecnologia (os telemóveis) para passar mensagens iguais às do homem das cavernas:
- Está?
- Estou.
- Estás aí? Estás porreiro?
- Sim, estou aqui.
- Ah, pois é, estou a ver-te!
Anedota B: O livro pode não servir apenas para ler mas igualmente para outras coisas; por exemplo, um livro pode servir-nos de arma. Vejamos: se formos para o Cais do Sodré com uma faca na mão corremos o risco de sermos presos, porém, se levarmos um livro, para além de não irmos presos, ele poderá servir-nos como arma de defesa pessoal. Há é que saber manuseá-lo de forma a saber atingir na perfeição o atacante!

Sumário 2

Por Maria João Machado (19/10/09)

1. Autores e Escritores, Editores e Editors – Apresentação de João Tibério

O João introduziu a sua apresentação com uma frase muito interessante de Valéry: A obra literária representa sobretudo o último instante da sua composição: aquele em que o autor a releu e aceitou em si mesmo e definitivamente, frase essa que iria dar o arranque necessário para a primeira questão abordada, que dizia respeito ao conceito de autor no sentido empírico. Dando o exemplo de uma conversa entre amigos, é-nos apresentado um conjunto de hipóteses para tentar responder a essa mesma pergunta acompanhada de uma tabela com o número total de entradas na internet de autores e editores em Portugal, Espanha, França e Inglaterra. O facto de em Portugal haver apenas 6 mil editores enquanto que nos outros três países há mais do dobro (Espanha:281 mil, França: 37 mil, Inglaterra:273 mil) é um dos factos a reter.

Um segundo ponto dizia respeito à evolução do conceito de autor em diferentes épocas, nomeadamente durante a Antiguidade Clássica, Idade Média, Romantismo e Modernidade. O destaque foi dado para o Romantismo, altura em que o autor é considerado selo de qualidade da sua obra. É nesta altura que o autor é reconhecido como génio e que se dá uma grande evolução na criação literária. No que diz respeito à Modernidade, falou-se de grandes autores da época como Kafka e Barthes e foram enunciadas citações de Foucault e Becket merecedoras de comentário.

A apresentação foi concluída com uma reflexão sobre o futuro do conceito de autor seguida de uma breve referência ao conceito de editor e editors, destacando a diferença entre edição executiva (posicionamento no mercado, linha editorial, marketing, etc.) e coordenação editorial (cria o livro, acompanha todo o processo do livro).
Após a apresentação foram feitos diversos comentários e até mesmo tentativas de definição do que realmente é (ou quem é) o autor e o editor.

2. O Livro na perspectiva de…

Depois de os alunos terem respondido por escrito ás perguntas “ O que é um livro na perspectiva do: autor / editor / livreiro, distribuidor, media, Estado, leitor, etc”, foram lidas e comentadas algumas respostas tentado depois, em conjunto, esquematizar essas mesmas respostas, ainda na tentativa de chegar a um conceito final de autor e editor. Utilizámos dois casos para exemplificar: Caim de José Saramago e o livro X de Richard Zimler.

José Saramago Caim
Autor 20
Editor 20
Distribuidor 15
Marketing 17
Designer 14
Média 16+
Estado 10
Hiper 18
Autor 20
Editor 14
Distribuidor 10
Designer 12
Livreiro 8

Uma coisa parece clara, para o autor o seu livro vale sempre o máximo. Ainda assim, e consoante as expectativas de venda (no caso de Saramago são muito elevadas por ser o nosso único Nobel até à época), o interesse do editor, distribuidor, designer, etc., pode variar muito. É esperado que um livro que se preveja ser um sucesso seja objecto de uma dedicação acentuada.
De notar também que os média, apesar de não terem muito interesse pela maior parte dos livros, no casa do Caim de Saramago o caso muda visto tratar-se de um livro bastante polémico.

Anedota A: Morte de Sá Carneiro. Mesmo não sendo amigo dele, a morte de Sá Carneiro vai causar algum impacto porque, independentemente da amizade, Sá Carneiro era alguém com quem partilhava ao mesmo firmamento, o mesmo núcleo. Há coisas que são importantes porque queremos e outras que são importantes sem sabermos.

Anedota B: Há coisas que implicam sacrifício económico. Um filho é um bom exemplo disso porque é algo que se quer mesmo quando se sabe que vai sair bastante caro.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

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Opus Magnum » Robert Crumb's Genesis
Wednesday October 21, 2009


And now for something completely different. The Bible as graphic novel, or at least graphic comic book. Robert Crumb is well known to underground comic book aficionados. To the rest of the reading public-- not so much. Robert Crumb was born in Philly and began his drawing career coming up with playful and witty greeting cards. He became a sort of cult figure in the 60s for creating characters like Fritz the Cat and there was even a documentary about him in 1994, but FYI, his comics were too R or even X rated in some cases for most. For the last eighteen or so years of his life he has lived in France (and laments he still hasn't mastered the language) with his fellow cartoonist wife Aline Kominsky.

Now however this super-lapsed Catholic has decided to depict scenes from all 50 chapters of Genesis, with the emphasis on verbatim. Those of us who knew a bit about his snarky past were holding our collective breath, but Rabbi Simcha Weinstein, author of the well-titled book Up,Up, and Oi Vey (the history of how Jews had influence on the creation of fictional super-heroes) reassures us that Crumb has not given us a crumby treatment of Genesis. Of course the literal depiction of murder, incest, rape, and a host of the other things that go on in Genesis itself is enough to curdle one's milk and curl one's hair. Hide the babies and pack up the old ladies. But then alas, the Bible is hardly a G or PG book--- it tells it like it is, even when it comes to all our human falleness. It is thus not a surprise that in the 224 pages of this book (out today and published by W.W. Norton) some of these pen and ink drawings reflect the sensual and violent character of some of these stories. This is a comic book my Mom would not have let me read in the 9th grade! Indeed she would have said 'Exodus with this Genesis'.

The kudos for this book are also coming in from other quarters--- Rev. James Martin, a Jesuit priest and chronicler of pop culture thinks Crumb is successfully translating the Bible into a new medium. And even Robert Alter (with or without his ego) well known for his rendering of The Five Books of Moses endorses the project. Crumb actually based what he did in part on the translations of Alter. For example Jacob's ladder becomes Jacob's ramp in Alter's translation, and Crumb follows the latter, rather than the former, in his drawing.

In the end Crumb after long debating how to depict God (as a bright light???) fell back on the old stand by--- God as the old white guy with the long white beard. I wonder what the Mormons would say about this Genesis.,

What I think is that in an age of visual learners, some of this material in Crumb's book is user friendly for church and synagogue folk, though one has to pick and choose and be discerning. Lord knows our Sunday school and Bible study literature could use some updating of its images. One grows weary of the Rococo Jesus, and Rubenesque cherubs.

Robert Crumb has drawn his own conclusions about Genesis-- quite literally. I'll let you draw yours about his.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Sumário 1

(26/9)
1. Apresentação.
Temos a sorte, ou o azar, de vivermos uma época duplamente excitante: a da revolução no mundo editorial português, a da temporada (Setembro-Outubro são o epicentro do mercado). Proposta de metodologia para uso pessoal do aluno: a) tentar ver com olhos profissionais – ao jeito da maiêutica socrática: nós já “sabemos”, só não sabemos que sabemos; b) descobrir a pólvora (fazer um esforço de leitura individual). Porque, como disse Rui Mário Gonçalves, “Um crítico de arte é alguém que viu 10 mil quadros” – isto é, alguém que vai a livrarias, lida com livros, leu livros tem meio caminho andado para saber pensar o mundo dos livros. Princípios, então: olhar para onde sempre olhámos (a livraria, o livro, a mancha gráfica, o papel, a distribuição, a estrutura editorial, a promoção, etc. – e, last but not least, os custos) mas agora do lado dos bastidores.

2. A nova ordem literária é económica
Os novos vencedores do mundo editorial. Os casos Paes do Amaral (líder do maior grupo editorial português) e Paulo Teixeira Pinto (eleito em lista única presidente da re-unida APEL). Curiosamente, são neófitos no meio, mas impuseram respeito a profissionais “saisonnés”. Ter sucesso é garantia de competência? A experiência ainda tem valor? Não ter experiência no campo editorial significa não ter experiência no mundo editorial? A era dos gestores e dos técnicos de comunicação: um admirável mundo novo?

Há um sistema – e é cultural e económico. Não é inteiramente aberto e comunica com outros, em diversos eixos (exemplo: o mundo do livro português comunica com o do disco e também com o do livro espanhol ou francês ou americano). Sobre isso falam Furtado (2009) e Bourdieu (1992).

3. Dois episódios
Anedota A: vou a uma embaixada para um jantar com dois escritores visitantes. Porquê? Não sei, mas há áreas nas quais se trabalha 24 horas por dia. A boa notícia: parte do trabalho não é assim tão difícil.

Anedota B: um escritor pôs fato e gravata para ir a uma recepção, mas depois exigiu passar no hotel para pôr a farda de trabalho: blusão de cabedal à “escritor radical”.

TPC: enunciar 20 livrarias.

Comprar as três revistas portuguesas da especialidade: Ler, JL, Os meus Livros.

Bibliografia em movimento

● BACELLAR, Laura, Escreva seu livro – Guia prático de edição e publicação, S. Paulo, Mercuryo, 2001
● BAILEY, Herbert S., The Art & Science of Book Publishing, Athens, Ohio U.P., 1990
● BARZUN, Jacques, On Writing, Editing, and Publishing, Chicago, CUP, 1986
● BLASSELLE, Bruno, Histoire du Livre, Paris, Gallimard, 1998
● CALVINO, Italo, Se numa Noite de Inverno um Viajante, Lisboa, Teorema, 2000
● DUCHESNE, A., LEGUAY, Th., Petite Fabrique de Littérature, Paris, Magnard, 1984
● ECO, Umberto, O Pêndulo de Foucault, Lisboa, Difel, 1998
● ESCARPIT, Robert, Sociologie da Littérature, Paris, P.U.F., 1986 [1958]
● FURTADO, José Afonso, Os Livros e as Leituras. Novas Ecologias da Informação, Lisboa, Livros e Leituras, 2000
FURTADO, José Afonso, A Edição de Livros e a Gestão Estratégica, Lisboa, Booktailors, 2009
● GROSS, Gerald (org.), Editors on Editing – An Inside View of What Editors Really Do, Nova Iorque, Harper & Row, 1985 [1962]
● JACKSON, Kevin, Invisible Forms, Nova Iorque, St. Martin’s Press, 2000
● LUCAS, Thierry, Le Guide de l’Auteur et du Petit Editeur, Lyon, AGEC-Juris, 1999
● MORFUACE, Pauline, Les comités de lecture, Ecrire et Éditer 3, Vitry, Publ. Du Calcre, Março 1998
● SAAL, Rollene, (The New York Public Library) Guide to Reading Groups, Nova Iorque, Crown Publ., 1995
●SCHIFFRIN, André, O Negócio dos Livros, Rio de Janeiro, Casa da Palavra, 2006
Outras fontes a consultar: APEL, UEP, revistas literárias, blogs sobre edição e livros na Internet

Programa deste ano

1. Um livro é um livro?
1.1. A perspectiva do autor
1.2. A perspectiva do editor
1.3. Outras: livreiro, distribuidor, Estado, media, leitor
2. A casa editorial
2.1. Pequeno grande editor
2.2. Marcar a diferença, conhecer o mercado
2.3. Tradutor, revisor, designer, paginador, marqueteiro
3. A natureza da edição
3.1. Livro, jornal, revista – o que edissão
3.2. Coerência interna – a regra do jogo
3.3. Ciência, arte, lotaria – racionalidade e irracionalidade
4. O jogo dos papéis
4.1. O editing – prós e contras
4.2. A edição crítica
4.3. Do filho de Eça de Queirós a Gordon Lish
5. O caso da ameaça eletrônica
5.1. Do Bubble Gum ao Bubble Blog
5.2. Novos suportes, velhos importes
5.3. Um romance é igual à Enciclopédia Britânica?
6. Da edição amadora à edição profissional
6.1. Autor morto, autor posto
6.2. O contrato do desenhador
6.3. Onde pára o livro?
7. Estudos de caso
7.1. Companhia das Letras: sete pecados capitais
7.2. O editor de actas
7.3. [A preencher quando soubermos o quê]

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Teoria da Edição 09-10

Este é o painel da disciplina de Teoria da Edição do Mestrado em Edição de Texto da FCSH-UNL. Nele serão afixados os sumários, boletins informativos, curiosidades, artigos de interesse, etc. Como em tudo na vida, há que ser preciso q.b.; como em tudo na vida, o etc. é que se arrisca a ser o interessante. Mas, obviamente, como tudo na vida, isso depende da participação que houver.