domingo, 28 de fevereiro de 2010

Prémio Ler/Booktailors para a marginal Antígona

Luís de Oliveira, fundador da Antígona, homenageado. Editora Dom Quixote e tradutor José Bento entre premiados.

Luís Oliveira, que há 30 anos fundou a Antígona - Editores Refractários, viu o seu percurso marginal ser reconhecido pelos Prémios de Edição Ler/Booktailors, atribuídos na sexta-feira à noite no encontro literário Correntes d'Escritas, na Póvoa de Varzim. O Prémio Especial Carreira quis homenagear a "persistência e dedicação deste grande editor em publicar obras essenciais para a cultura literária, segundo inalienáveis princípios de qualidade".

Entre os vencedores das 20 categorias na segunda edição deste prémio, destaque também para a Dom Quixote que obteve o Prémio Especial Editora do ano por, "num mercado editorial cada vez mais complexo", ter marcado "o ano de 2009 com a publicação de obras de alguns dos principais autores da literatura portuguesa e mundial, da literatura e da não ficção".

A Planeta Tangerina, surgida em 2008, foi distinguida com o Prémio Especial Editora Revelação, pela aposta "na publicação de obras criadas de raiz pela equipa de designers e criativos residentes, todos eles com a mais primorosa qualidade, tanto no que respeita aos textos como às ilustrações e aos materiais usados".

Jorge Silva foi o vencedor do Prémio Especial Artes Gráficas. O poeta e tradutor José Bento foi distinguido com o Prémio Especial de Tradução por ser "um recriador que, nos últimos 50 anos, assinou a tradução de mais de 60 obras de poesia e prosa em espanhol, entre elas, as obras maiores, como os dois volumes de D. Quixote, tendo-se tornado na principal referência da tradução do castelhano no nosso país". O Prémio Especial Inovação foi para a Colecção Literatura de Humor da editora Tinta-da-China, coordenada por Ricardo Araújo Pereira, por, "numa época em que 'digital' é a palavra de ordem, a editora recuperar parte da tradição e editar uma colecção de clássicos da literatura de humor que prima por um dos mais inovadores designs do mercado".

Os vencedores do Prémio Especial Livreiro foram Duarte Nuno Oliveira e Caroline Tyssen - proprietários da Livraria Galileu, a primeira de Cascais, inaugurada há quase 40 anos - porque "conseguiram adaptar-se aos novos tempos sem deixar de manter o enfoque na qualidade". A Ler Devagar conquistou o Prémio Especial Livraria Independente, por ter sabido "manter a sua imagem de qualidade e irreverência, tornando-se um local de culto cultural". E Eduardo Pitta, poeta, ensaísta, crítico do jornal Público e da revista Ler, foi distinguido com o Prémio Especial Jornalista ou Imprensa de Edição.

Na última mesa de debate das Correntes d'Escritas, Rui Zink defendeu que "o universo para existir precisa das palavras para ganhar mais variedade". Com mais de 20 livros editados, o escritor desenvolveu o tema pegando num bebé que "quando nasce não sabe falar" e, por causa disso, os pais não entendem o que ele quer. Razão pela qual a criança começa a falar e, mais tarde, "faz rabiscos em papel" que correspondem a sons "que tão bem conhece". É assim que nasce a escrita e que o universo se vai tornando "mais prático e manuseável, graças a estes rótulos adesivos chamados palavras". A plateia aplaudiu e riu ao longo de toda a exposição. Esse é o poder das palavras.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Pedro Chagas Freitas vai escrever o primeiro “livro (em) directo” português

VEM AÍ O PRIMEIRO ROMANCE ESCRITO NO FACEBOOK

É uma pequena revolução – um verdadeiro livro em directo, a fazer lembrar a escolha dos finais das telenovelas da Globo que movem multidões no Brasil. A três de Março, o escritor vimaranense Pedro Chagas Freitas começa a escrever, nas suas páginas do Facebook (onde tem já mais de 6 mil fãs), um romance de que todos os seus leitores vão poder ser co-autores. Basta, para isso, darem as suas sugestões. Depois é muito simples: a sugestão mais votada é a que, todas as semanas, o jovem escritor vai seguir. É mais uma prova de que as novas tecnologias e as redes sociais não têm limites – e que servem, até, para criar arte. É isso o que, já a partir do próximo dia três de Março, vai acontecer nas páginas de Facebook de Pedro Chagas Freitas, escritor vimaranense de 30 anos de idade com já bastantes obras publicadas e alguns prémios literários no currículo.
A ideia é simples. E promete causar sensação: dar aos leitores e aos fãs a possibilidade de serem parte activa no desenvolvimento de uma história – no desenvolvimento de um romance. Como? No próximo dia três de Março, Pedro Chagas Freitas vai publicar, nas suas páginas de Facebook (onde tem já mais de 6 mil fãs) o primeiro capítulo de uma obra que pretende ter dezenas deles.




Bom, se bem me lembro, e isto foi falado numa das aulas de Teoria da Edição, fazer um livro online e interactivo não constitui novidade, isto é, é algo que já foi feito há muitos anos atrás. A novidade aqui, ao que me parece, é ser no Facebook.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Sumário da aula 2 (19/02)

1. “técnicas de edição”

Nesta cadeira movemo-nos no campo da pragmática, já que o objectivo principal se centra na aquisição de competências práticas. Deveremos chegar a conclusões concretas e descobrir formas de as aplicar e, desta forma, podemos encarar esta disciplina como uma continuação de “teoria da edição”.
Foi entregue aos alunos um outro texto para revisão na continuação daquele que foi entregue na primeira aula do semestre.


2. Tendências negativas do mercado livreiro e editorial português – a condessa de Gouvarinho (Os Maias) e a impossibilidade cultural de Portugal

Até há poucas décadas atrás os editores portugueses não pensavam ser possível exportar autores para o estrangeiro e a verdade é que esta situação veio acentuar o nosso fraco poder de negociação no mercado internacional, nomeadamente ao nível dos contratos. Por vezes são os próprios autores a tomar a iniciativa e a trilhar o seu espaço lá fora – caso de José Saramago que se “exportou” sozinho, sabendo que seria difícil chegar à Academia Sueca somente através do português.

Sabemos que em Portugal é antigo o desprezo pela cultura em geral (facto retratado exemplarmente por Eça de Queirós na figura da condessa de Gouvarinho na famosa cena do Teatro da Trindade) e esta será uma das explicações para o nosso fraco poder de acção no estrangeiro. Além disso, existem outras evidências que, por assim dizer, nos têm vindo a condenar – país de periferia, a ditadura salazarista, um certo provincianismo e principalmente o facto de sermos um país classista, o que impede que vejamos com bons olhos a associação entre livro e negócio (“dinheiro sujo”).

Certas práticas editoriais não abonam a nosso favor, como as perpetradas por editores colocados em dois grupos – os falsos Dom Quixote e os falsos Sancho Pança. Os primeiros serão os mais incómodos, já que, oriundos de famílias com elevadas posses, criticam e desprezam os títulos lançados por outras editoras, considerando-os de má qualidade e vangloriando-se da qualidade do seu catálogo, naturalmente por terem outras fontes de rendimento.


3. A criação de autores, a hegemonia anglo-saxónica e o sentido de oportunidade – o caso de Stephanie Meyer

Assistiu-se recentemente à criação de uma nova autora best-seller, sendo ponto assente que esta teria que ser de origem britânica ou norte-americana e tudo se manifestou a seu favor.
Os longos anos de domínio de J. K. Rowlings e das suas bruxas e feiticeiros produziram no mercado algum cansaço associado a esta temática, tendo sido este o melhor momento para a entrada em cena de um novo tema – os vampiros. É importante perceber que este assunto nunca saiu verdadeiramente do nosso campo de interesse, na verdade sempre esteve em latência, esperando a altura certa para voltar a fascinar o público.

Está aqui inerente a presença de uma tendência explicada por estudos de cultura social (Eugenio d’Ors) que assegura a existência de duas constantes eternas, o clássico (a luz) e o barroco (a noite), que vão alternando entre si o domínio do social. Deste modo, quando uma se apazigua (deixa de fazer sentido em determinado momento) a outra, que esteve em adormecimento, voltará a dominar.

O editor deverá estar atento à saturação e disponibilidade do mercado, fazendo-se valer do seu sentido de oportunidade, tendo também em conta o momento que melhor servir os leitores, conhecendo a máxima “os livros não são bons fora do tempo”.
Na verdade, poder-se-á adiar o lançamento de um livro por questões não literárias, como por exemplo uma crise económica ou a hipotética descoberta de manuscritos de dois autores de relevância ao mesmo tempo, o que colocaria necessariamente um na sombra do outro. Como vemos, é importante dar tempo ao mercado para absorver tanto autores como temáticas ao seu ritmo. Por outras palavras, será que se confirma ser essencial um período de nojo?


4. Máquina de fazer espanhóis ou “máquina de consagração de valter hugo mãe”

Como forma de promoção do novo romance de valter hugo mãe a sua editora, Objectiva (grupo editorial espanhol), encetou uma muito bem organizada campanha de divulgação da obra, que terá como objectivo final a consagração a nível nacional deste autor. Além de ter sido capa do Jornal de Letras e da revista Os meus livros (mês de Fevereiro) foi presença notada em diversos programas televisivos.
Evidente foi também o sentido de oportunidade da sua editora ao optar por lançar Máquina de fazer espanhóis em Janeiro e não nos meses nobres do livro, como por exemplo Outubro, altura em que ficaria na sombra dos grandes autores preparados para essa mesma época.
A editora teve assim uma excelente oportunidade para implantar a sua marca no mercado nacional. A propósito deste ponto uma das questões levantas em aula foi - será que a editora deve prosseguir no lançamento de um outro jovem autor em breve aproveitando o bom feeling do momento ou, por outro lado, deve dar algum espaço a valter hugo mãe?

5. A importância da publicidade nas revistas e jornais

É relativamente fácil perceber que a publicidade a um livro comprada por determinada editora na contracapa de uma revista literária ou no interior de um jornal (Expresso, Público) assegura a publicação, mais cedo ou mais tarde, de uma crítica a essa mesma obra ou até uma entrevista ao autor. Pode-se encarar este facto como uma troca de favores ou como a criação de boa vontade.


6. Pré-produção, produção e pós-produção de um livro

A maioria dos passos que constituem cada uma destas três fases acabam por estar interligados, no entanto alguns pontos não estão necessariamente em conexão.

Sucintamente, a pré-produção inicia-se com a entrega do manuscrito ou pdf, seguindo-se a elaboração de um plano informado dos timings próprios e alheios (inclui o calendário dos prazos a cumprir, das datas das feiras, no fundo, saber quando os acontecimentos relevantes para o livro tomam parte) e a assinatura do contrato (se este for feito no estrangeiro é também importante o conhecimento dos apoios).
A produção centra-se em aspectos como a edição, a revisão, a ficha técnica e nos custos associados à produção do livro (papel, etc).
A pós-produção é afectada necessariamente pela primeira fase, isto é, no contexto do trabalho de marketing e de comunicação do livro – lançamento do livro adequado à realidade e a acontecimentos específicos (Mundial de Futebol na África do Sul é um bom exemplo) ou comemorações, que sejam pretexto para colocar a obra no mercado.


7. Regras de cortesia – interacção com revistas e opinion makers

Existem algumas regras de cortesia importantes para a interacção com pessoas que fazem parte do mundo da divulgação do livro.
A primeira estratégia centra-se na sugestão de determinada obra ou autor no circuito publicitário do livro, ou seja, não se deve forçar, ou melhor, deve pressionar-se sem que a pessoa se sinta pressionada.
A segunda está encerrada na expressão “conhece-te a ti próprio”. Antes de conhecer a força do parceiro devo conhecer a minha e os instrumentos que tenho à disposição e que constituem os meus trunfos. Um exemplo concreto será o de uma pequena editora que terá que se afirmar pela qualidade do produto, já que está impedida de gastar largas quantias em publicidade.
Por fim é importante “compreender os outros” de modo a que se possa actuar com profissionalismo e adequação, transmitindo a informação de forma eficaz.

"Myra" de Maria Velho da Costa ganhou o Prémio Correntes d'Escrita

Demorou três horas e não foi uma decisão unânime, mas Maria Velho da Costa foi a vencedora do Prémio Correntes d'Escrita, organizado pela Câmara Municipal de Póvoa do Varzim. O anúncio de que "Myra" era a obra vencedora foi feito hoje, durante a cerimónia de abertura do Correntes d’ Escritas - encontro de escritores de expressão ibérica que decorre até sábado.

O júri deste prémio literário é constituído por Carlos Vaz Marques, Dulce Maria Cardoso, Fernando J.B. Martinho, Patrícia Reis e Vergílio Alberto Vieira. "A Eternidade e o Desejo", de Inês Pedrosa, "A Mão Esquerda de Deus", de Pedro Almeida Vieira, "A Sala Magenta", de Mário de Carvalho, "Myra", de Maria Velho da Costa, "O apocalipse dos trabalhadores", de valter hugo mãe, "O Cónego", de A. M. Pires Cabral, "O Mundo", de Juan José Millás, "O verão selvagem dos teus olhos", de Ana Teresa Pereira, "Rakushisha", de Adriana Lisboa e "Três Lindas Cubanas", de Gonzalo Celorio eram as obras candidatas ao prémio de 20 mil euros.

jornal i, 24 fev 10

Aula de sexta 26: Leonor Areal

Na próxima sexta-feira teremos o primeiro de vários professores convidados: Leonor Areal, criadora do primeiro CDRom com a obra de Pessoa (1997, Texto Editora) e responsável pelo site gratuito e universal arquivopessoa.net, para além de documentarista e professora de cinema, e com trabalho pioneiro na área do hipertexto.
À semelhança de Pierre Léglise-Costa, os convidados deste semestre são todos profissionais do ramo experientes, competentes e com capacidade para reflectirem/refletirem e discutirem/discutirem a sua experiência.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

AbeBooks.co.uk

Para quem desconhece:

http://www.abebooks.co.uk/

Compra online de todo o tipo de livros, incluindo em 2ª mão. Alguns em excelentes condições a preços mínimos + portes de envio.

(pechinchas, como diria o outro...)

Bolaño pela noite dentro e 'Substâncias Perigosas'

A Póvoa de Varzim, nos próximos quatro dias, será uma das cidades europeias com mais lançamentos de livros. Cerca de três dezenas de autores apresentam os seus novos trabalhos de ficção, poesia ou literatura infantil. O grande destaque vai para a obra de um autor prematuramente desaparecido: O Terceiro Reich, do chileno Roberto Bolaño. Nas livrarias a partir da próxima sexta-feira, O Terceiro Reich (ed. Quetzal) é apresentado um dia antes, às 23.30, no Bar da Praia. Um lançamento - diferente - que se faz festa pela noite dentro. É uma espécie de celebração da escrita: à palavra junta-se música para dançar, seleccionada pelo DJ irmaolucia, no evento "Rock afinado pela literatura de Roberto Bolaño". No mesmo dia, quinta-feira, na Casa da Juventude, às 12.30, Paulo Kellerman apresenta Chega de Fado, (Ed. Deriva), e, às 17.00, Isaac Rosa lança O País do Medo (Planeta). No dia seguinte, no mesmo local, às 17.00, lançamento de História com Recadinho, de Luísa Dacosta. Ana Luísa Amaral, vencedora do Prémio Casino da Póvoa em 2007, mostra também Poesia 1990-2010 (Pub. Dom Quixote). Livros na Póvoa ainda, e entre outros, de Pedro Eiras (Substâncias Perigosas, ed. Livro do Dia) e Rui Vieira (Vozes no Escuro, Ed. Nelson de Matos).

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

LUIZ PACHECO





Luiz Pacheco Contraponto:
um homem dividido vale por dois


EXPOSIÇÃO 26 de Novembro 2009 a 27 de Fevereiro 2010 Galeria Entrada livre



Nota:

Durante esta semana, a BNP poderá organizar uma visita guiada à exposição, dependendo do número de pessoas inscritas. Se tiverem disponibilidade e interesse, por favor , informem o Serviço de Relações Públicas da BNP : rel_publicas@bnportugal.pt

O Sítio do Livro

Sítio do Livro, conheciam? Eu não. Ver em http://www.sitiodolivro.pt/


"O Sítio do Livro é um projecto empresarial inédito, que ambiciona criar um novo paradigma no sector editorial e livreiro. Associando a modernidade da Tecnologia, através da Internet e da reprografia digital, ao mais tradicional da Cultura, o Livro, este projecto pretende desenvolver uma actividade comercial complementar e, portanto, não concorrencial, ao negócio existente, dando a possibilidade de se vender o que, de outra forma, não estaria sequer acessível ao mercado. Vamos servir os autores e os editores, mas também as livrarias e os leitores".


Estratégias de Marketing

Aposta forte da Porto Editora ao nível das estratégias de divulgação de novo livro de Paul Hoffman, que será lançado em simultâneo em 20 países:
http://www.obracoesquerdodedeus.pt/

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

«Kindle vai ter conteúdos em português»

Os utilizadores do Kindle ganharam mais três opções de idiomas de livros para ler no seu e-reader, entre elas o português, de acordo com anúncio feito pela Amazon esta sexta-feira.
Editoras e autores que desejarem disponibilizar obras em português, espanhol e italiano para consumidores do Kindle podem enviar o conteúdo pelo serviço Digital Text Platform (DTP).

Os três novos idiomas juntam-se aos outros três já disponíveis: inglês, alemão e francês. A Amazon pretende disponibilizar novos idiomas no DTP no futuro
.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Radar de Negócios - RTPN

Novos desafios no mercado do livro no Radar de Negócios aqui.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Como o casamento dos homossexuais destroi o meu (completo)

Confesso desde que o Parlamento, partindo da ideia antidemocrática de que liberdades fundamentais no se referendam, aprovou a possibilidade de pessoas com o mesmo sexo se casarem, só aconteceram desgraças no meu casamento e na minha família. Não foi coincidência, foi o facto de a noção de casamento se ter assim deteriorado invencivelmente. Alguns pormenores: o meu marido passou a olhar com outros olhos para a secretaria (ou será o secretário?...), os sobrinhos enviaram-me mensagens a dizerem que me desprezavam, o meu irmão cortou relações comigo e o meu primo médico, sempre tão disponível, disse-me secamente por SMS que passava a atender-me apenas de seis em seis meses, quaisquer que fossem as maleitas. O meu pai e a minha mãe, já mortos, enviaram-me faxes com carimbo do outro lado, a dizerem-me que, se pudessem, me teriam dado para adopção e que ficava proibida de mandar celebrar qualquer missa por eles. Fiquei destroçada e entrei em depressão grave, de que só talvez a grande manifestação pró-vida, desculpem, pró-heterossexualidade, desculpem ainda, contra-antinaturalidades, agendada para Fevereiro, me possa salvar.
Sim, porque é fundamentalmente de antinaturalidades que se trata. É certo que há animais com comportamento homossexual, por vezes de acordo com as estações do ano (vi num documentário da National Geographic, deve ser verdade), e os chimpanzés bonobos parecem resolver tudo à base de sexo entre todos e todas, com desregramento total. Por isso, diz-se que são os chimpanzés que vivem com menos violência entre si. Mas nós somos humanos não meros animais nem meras forças da natureza. A natureza, sim, tem deslocamentos de placas tectónicas que matam milhares, tsunamis incríveis, e fenómenos semelhantes. Mas os humanos têm uma naturalidade que lhes é especifica, embora nem sempre se chegue de imediato ao conteúdo dessa naturalidade. O que não se pode é duvidar da sua existência.
Da lentidão em chegar por vezes ao conteúdo desse conceito, o último filme de Amenábar dá-nos uma ideia clara. De modo especulativo - pois pouco se sabe da célebre filósofa e astrónoma Hipátia -, Amenábar coloca-nos o futuro S. Cirilo a ler a passagem em que S. Paulo diz não permitir que as mulheres ensinem e que se devem remeter ao silêncio (cf. lTm, 2: 11ss). Claro que a passagem vinha mesmo a matar em relação a Hipátia, que ensinava em público e não se converteu ao cristianismo, preferindo as suas especulações filosóficas. Rezam as crónicas que foi despida e esfolada viva com conchas de ostra dentro de uma igreja. Ora, os séculos encarregaram-se de esclarecer que, para uma mulher, falar em público é natural. De qualquer modo, Hipátia parecia rejeitar o casamento, dedicava-se a actividades muito abstractas e não teve crianças. Aí poderia estar já o começo da sua antinaturalidade. Também é certo que um Papa afirmou que o parto não devia doer, pois era algo natural e necessário à espécie, mas esse foi um juízo demasiado rápido. Seja como for, não é por ser difícil dar conteúdo à noção que ela não existe. Por ex.: pode parecer estranho que o Governo italiano tenha dito que os crucifixos nas escolas são um “facto natural”, mas perdendo bastante tempo a estudar os argumentos invocados, percebe-se com clareza o raciocínio. O que não se quer, nestes tempos pós-modernos, é fazer o esforço de perder tempo a estudar os assuntos como deve ser. É por esse incentivo ao estudo que manifestações como as de Fevereiro são tão necessárias à democracia.

Laura Ferreira dos Santos in Público, 06 Fev 10

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Jornal Público já chegou ao Kindle

É já possível ler o Público no bichinho electrónico que tanto tem dado que falar. A notícia está aqui.

Descontos Assírio & Alvim no Dia dos Namorados e Carnaval

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Público - Como o casamento dos homossexuais destrói o meu

Público - Como o casamento dos homossexuais destrói o meu
Interessante texto. Para um editor. A discutir em Técnicas Ed.

«Leya acusada de destruição de edições históricas»

«Dezenas de milhar de livros da autoria de Jorge de Sena, Eugénio de Andrade, Eduardo Lourenço e Vasco Graça Moura, publicados pela ASA ao longo da última década, foram destruídos recentemente pelo Grupo Leya. Inclusive, o "abate" de duas das obras poderá implicar a existência de ilegalidade.

A acusação é de José da Cruz Santos, editor que colaborou com a ASA nesse período, tendo assegurado a publicação de mais de uma centena de títulos em géneros como a poesia, o ensaio e os álbuns.

No ano passado, Cruz Santos, que, entretanto, cessou a colaboração com a editora fundada por Américo Areal, foi informado pelos novos proprietários da decisão de guilhotinar parte significativa das edições em armazém. Em média, foram destruídos 90% dos livros disponíveis, restando escassas dezenas de exemplares de cada obra.

Nos 96 títulos atingidos, incluem-se obras marcantes como "Daqui houve nome Portugal", uma antologia de verso e prosa sobre o Porto organizada e prefaciada por Eugénio de Andrade, e "21 retratos do Porto para o século XXI", uma edição comemorativa dos 150 anos da morte de Almeida Garrett que inclui textos, pinturas, desenhos e fotografias de dezenas de autores. É devido à destruição destes dois títulos que o editor portuense resolveu interpor uma acção judicial contra o grupo detido por Miguel Pais do Amaral.

"Sou o proprietário das referidas obras, pelo que a ASA, responsável apenas pela distribuição, não poderia ter feito o que fez", reforçou Cruz Santos, que garante nunca ter "destruído qualquer livro nos 46 anos de editor".

Ainda segundo o actual responsável da editora e livraria Modo de Ler, a medida "é um acto anticultural gravíssimo" e poderia ter sido evitada se a Leya tivesse seguido a sua sugestão de oferecer os livros em causa a escolas, hospitais ou prisões".

Além de suspeitar que "vários dos autores afectados por essa medida não foram sequer informados", Cruz Santos aponta ainda a ironia de o Grupo Leya, na sequência da falência da Quasi, estar agora a ponderar editar os livros de Eugénio de Andrade, após ter ordenado a destruição de centenas de exemplares de obras do poeta falecido em 2004.

Contactado pelo JN, o Grupo Leya, através do gabinete de comunicação, limitou-se a informar que o caso está entregue ao gabinete jurídico, recusando-se a tecer mais comentários.»

Notícia retirada daqui.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

«Mercado da Ribeira tem livros usados até 14 de Fevereiro»

«A Feira do Livro Antigo e do Alfarrábio no Mercado da Ribeira, em Lisboa, vai decorrer até 14 de Fevereiro, disponibilizando, desde o fim de Janeiro, mais de 10 mil livros antigos, usados e manuseados.
Todos os dias, das 10:00 às 19:00, o público pode encontrar, por preços a partir de um euro, diversas obras e inclusive edições que são «verdadeiras raridades», segundo a organização.

O espaço foi palco da «Quinzena do Livro Antigo e do Alfarrábio» que decorreu até 7 de Fevereiro, que disponibilizava «algumas curiosidades e edições únicas» de obras editadas nos finais do século XIX e início do século XX, explicou à Lusa, na altura da iniciativa, o promotor do evento, Bruno Simão.»

Notícia retirada daqui.
*Ainda vamos a tempo de fazer umas comprinhas para o dia de S. Valentim!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PROJECTO10 - convite

Notas de Teoria da Edição 09-10

Meus caros, informo que as notas já foram lançadas. Se alguém se achar injustiçado é favor contactar comigo, para fazermos o teste suplementar.
RZ

Novo livro de Rosa Lobato de Faria lançado na próxima semana

«A Menina e o Cisne» da escritora Rosa Lobato de Faria, falecida esta terça-feira em Lisboa, vai ser lançado na próxima semana pela Oficina do Livro. Ler mais.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Alguns livros e estante robótica ficaram por vender no leilão da Byblos - Cultura - PUBLICO.PT

Alguns livros e estante robótica ficaram por vender no leilão da Byblos - Cultura - PUBLICO.PT

Público - Booker Prize escolhe 40 anos depois o melhor romance editado em 1970

Público - Booker Prize escolhe 40 anos depois o melhor romance editado em 1970

"Good to be the king." A notícia até nem é desinteressante, mas quantas vezes por ano aparecem em jornais ingleses notícias referentes a prémios literários regionais... de outras regiões? Quantos artigos sobre os portugueses (ou mesmo espanhóis) Whitebread, Booker, Orange, etc?
Há vinte anos, o JL tinha uma notável chamada de primeira página: "Último romance de Anthony Burgess traduzido para francês!" (Cito de memória.) Na altura, o centro imaginado era outro. E o livro do autor de A Laranja Mecânica (ou The Mechanical Whitebread) tinha publicado "Les pouvoirs des Ténèbres" cinco anos antes, em Inglaterra, como Hearthly Powers.
Tempos diferentes, a mesma luta.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

e ainda o Acordo...

"Lisboa, 29 Jan (Lusa) - Às zero horas de sábado, a Agência Lusa passa a distribuir o noticiário escrito nos termos do Acordo Ortográfico, cumprindo a vocação de ser "uma agência global" nos territórios onde o Português é a língua oficial.

6:04 Sexta-feira, 29 de Jan de 2010"

Esta será muito provavelmente a decisão nos próximos tempos que mais alterará o jornalismo português. 
É sabido que a maior parte da imprensa portuguesa utiliza os takes da Lusa como base dos seus textos e que muitos não fazem revisão nem alteração destes, logo a aplicação do novo Acordo vai chegar inevitavelmente a todos. Um exemplo? Dêem uma olhadela no final dos artigos dos jornais online nestes dias e irão aperceber-se que estes fazem referência à mudança para o novo Acordo. Outro exemplo? Aqui.

Ainda a Jangada de Haiti

Este acto (este facto) é importante: são muito raros os casos em que todos os intervenientes participam. (De momento não me ocorre nenhum) Geralmente, é um resíduo dos direitos. Neste caso todos, desde produtores a retalhistas, participam em igual medida: a 100%. E aqui tiro o chapéu.