Sumário da aula 10 (4/01)
1. Questões prévias
A aula começou com algumas considerações acerca do método de avaliação da cadeira de Teoria da Edição. Os alunos que não ficarem satisfeitos com a nota final atribuída poderão realizar o teste.
No decorrer desta semana deverão ser enviadas entre 2 a 3 perguntas ao professor a fim de ser elaborado uma espécie de questionário para entender o que, de facto, sabemos e esclarecer o que ainda não ficou compreendido.
2. Leitor-modelo e aluno-modelo – analogia
Noção de leitor-modelo (teoria da leitura) proposta por Eco e Iser: todo o texto prevê o seu leitor com uma série de características definidas. Quanto mais o livro for direccionado a um público-alvo, mais o texto se torna afunilado, movendo-se dentro da área do estereótipo (exemplo concreto da obra de Dan Brown). Porém, confirmada a existência do leitor real a situação muda de figura, já que este não corresponde inteiramente às expectativas do autor (exemplo concreto dos reais apreciadores da obra de José Vilhena Rodrigues). É proposta a analogia entre aluno modelo e aluno real – o primeiro realiza as experiências sugeridas em aula e procura apoio teórico, enquanto que o último é aquele que todos conhecemos.
3. Caminhar em Manhattan = Panorama Editorial Português?
Há cerca de dois anos o panorama editorial do nosso país sofreu uma mudança complexa, com Miguel Paes do Amaral e a sua Leya. Do outro lado encontramos Paulo Teixeira Pinto (presidente da APEL). Tal como acontece ao caminharmos por Manhattan, deparamo-nos com realidades distintamente opostas, fruto de universos que acabam por conviver quando se pressuponha a sua entrada em rota de colisão.
Recentemente, Maria do Rosário Pedreira foi contratada pela LEYA (deixando a QuidNovi) para fazer trabalho de scout (procura de novos talentos).
4. Retorno a Rui Pena Pires “Não acredito em lançamentos”
É possível justificar esta frase do editor da Celta? Impõe-se a questão – Todos os livros devem/podem ter o mesmo tratamento? Adequação é a palavra-chave – para livros diferentes, entendimentos diferentes.
Há algo que se aplica a todos os lançamentos – a despesa tem de ser adequada ao retorno previsto e, deste modo, o lançamento fará sentido.
5. Estudos de mercado
Experiência em aula – tiragens hipotéticas de três obras (um livro de Philip Roth, um livro de Herberto Helder e a autobiografia de Pedro Santana Lopes). A partir do confronto dos valores indicados por cada aluno ficou a sugestão dada pelo Professor: cerca de 5000 exemplares para o norte-americano, cerca de 3000 para o poeta e aproximadamente 10000 para a autobiografia do político. No caso deste último, o contexto da actualidade política nacional seria um factor prévio de grande importância a analisar.
As possibilidades de uma tiragem ser perfeitamente adequada aos interesses do público são ínfimas. O editor deve calcular o risco que representa a tiragem a que se propõe. Para tal, deve tomar uma decisão informada através dos designados estudos que podem ser de vários géneros. Existem os estudos de viabilidade (encomendados), os estudos informais (o editor usa os instrumentos que tem à mão e socorre-se da sua experiência), as sondagens de mercado, ou, algo bem mais formal, a própria intuição. O dever do editor é fazer o melhor estudo possível com os meios que tiver ao seu dispor. Um dos dados mais importantes é a informação das vendas recentes e deverá procurar-se uma justificação para os valores – é um estudo focado no objecto.
6. O caso específico da poesia dentro do mundo da edição
O sistema da poesia é de importância simbólica e o seu funcionamento é muito particular. Organiza-se em círculos de poder e amizade, de alianças feitas e desfeitas, logo muito pouco claro em termos de critérios.
As tiragens de livros de poesia são bastante reduzidas. Normalmente, uma 1ª edição não deve exceder os 75/100 exemplares, pois os livros são, em larga medida, vendidos a amigos e familiares. Digamos que um prefácio de um autor consagrado não impele as vendas mas contribui para legitimar a edição.
7. Qual o drama do jovem autor?
O manuscrito só se abre às suas potencialidades quando é lido por um autor ou editor e é esse o passo mais difícil. Na verdade, não é indispensável ter contactos na área da edição para se ser publicado, mas sim para que manuscrito possa ser lido. Se o jovem autor vive na angústia de tentar cativar a atenção do editor (o seu patrono que poderá tornar verdade o objecto criado), por outro lado, o editor receia recusar um bom livro. No fundo, o autor quer um editor que reconheça a promessa do seu talento e o editor quer encontrar um autor que seja a confirmação dessa promessa – e este encontro raramente se dá.
1. Questões prévias
A aula começou com algumas considerações acerca do método de avaliação da cadeira de Teoria da Edição. Os alunos que não ficarem satisfeitos com a nota final atribuída poderão realizar o teste.
No decorrer desta semana deverão ser enviadas entre 2 a 3 perguntas ao professor a fim de ser elaborado uma espécie de questionário para entender o que, de facto, sabemos e esclarecer o que ainda não ficou compreendido.
2. Leitor-modelo e aluno-modelo – analogia
Noção de leitor-modelo (teoria da leitura) proposta por Eco e Iser: todo o texto prevê o seu leitor com uma série de características definidas. Quanto mais o livro for direccionado a um público-alvo, mais o texto se torna afunilado, movendo-se dentro da área do estereótipo (exemplo concreto da obra de Dan Brown). Porém, confirmada a existência do leitor real a situação muda de figura, já que este não corresponde inteiramente às expectativas do autor (exemplo concreto dos reais apreciadores da obra de José Vilhena Rodrigues). É proposta a analogia entre aluno modelo e aluno real – o primeiro realiza as experiências sugeridas em aula e procura apoio teórico, enquanto que o último é aquele que todos conhecemos.
3. Caminhar em Manhattan = Panorama Editorial Português?
Há cerca de dois anos o panorama editorial do nosso país sofreu uma mudança complexa, com Miguel Paes do Amaral e a sua Leya. Do outro lado encontramos Paulo Teixeira Pinto (presidente da APEL). Tal como acontece ao caminharmos por Manhattan, deparamo-nos com realidades distintamente opostas, fruto de universos que acabam por conviver quando se pressuponha a sua entrada em rota de colisão.
Recentemente, Maria do Rosário Pedreira foi contratada pela LEYA (deixando a QuidNovi) para fazer trabalho de scout (procura de novos talentos).
4. Retorno a Rui Pena Pires “Não acredito em lançamentos”
É possível justificar esta frase do editor da Celta? Impõe-se a questão – Todos os livros devem/podem ter o mesmo tratamento? Adequação é a palavra-chave – para livros diferentes, entendimentos diferentes.
Há algo que se aplica a todos os lançamentos – a despesa tem de ser adequada ao retorno previsto e, deste modo, o lançamento fará sentido.
5. Estudos de mercado
Experiência em aula – tiragens hipotéticas de três obras (um livro de Philip Roth, um livro de Herberto Helder e a autobiografia de Pedro Santana Lopes). A partir do confronto dos valores indicados por cada aluno ficou a sugestão dada pelo Professor: cerca de 5000 exemplares para o norte-americano, cerca de 3000 para o poeta e aproximadamente 10000 para a autobiografia do político. No caso deste último, o contexto da actualidade política nacional seria um factor prévio de grande importância a analisar.
As possibilidades de uma tiragem ser perfeitamente adequada aos interesses do público são ínfimas. O editor deve calcular o risco que representa a tiragem a que se propõe. Para tal, deve tomar uma decisão informada através dos designados estudos que podem ser de vários géneros. Existem os estudos de viabilidade (encomendados), os estudos informais (o editor usa os instrumentos que tem à mão e socorre-se da sua experiência), as sondagens de mercado, ou, algo bem mais formal, a própria intuição. O dever do editor é fazer o melhor estudo possível com os meios que tiver ao seu dispor. Um dos dados mais importantes é a informação das vendas recentes e deverá procurar-se uma justificação para os valores – é um estudo focado no objecto.
6. O caso específico da poesia dentro do mundo da edição
O sistema da poesia é de importância simbólica e o seu funcionamento é muito particular. Organiza-se em círculos de poder e amizade, de alianças feitas e desfeitas, logo muito pouco claro em termos de critérios.
As tiragens de livros de poesia são bastante reduzidas. Normalmente, uma 1ª edição não deve exceder os 75/100 exemplares, pois os livros são, em larga medida, vendidos a amigos e familiares. Digamos que um prefácio de um autor consagrado não impele as vendas mas contribui para legitimar a edição.
7. Qual o drama do jovem autor?
O manuscrito só se abre às suas potencialidades quando é lido por um autor ou editor e é esse o passo mais difícil. Na verdade, não é indispensável ter contactos na área da edição para se ser publicado, mas sim para que manuscrito possa ser lido. Se o jovem autor vive na angústia de tentar cativar a atenção do editor (o seu patrono que poderá tornar verdade o objecto criado), por outro lado, o editor receia recusar um bom livro. No fundo, o autor quer um editor que reconheça a promessa do seu talento e o editor quer encontrar um autor que seja a confirmação dessa promessa – e este encontro raramente se dá.
Sem comentários:
Enviar um comentário