terça-feira, 29 de dezembro de 2009

In Libris é uma livraria, uma editora e um espaço onde se fazem coisas malucas

O local de trabalho de Paulo Gaspar Ferreira é, por vezes, confundido com a sua própria casa. "Há clientes que chegam e perguntam pelo cão", conta Paulo, que não tem uma loja ou uma montra a mostrar o seu trabalho aos transeuntes. Tem um escritório de aspecto acolhedor, recheado de livros, antigos e recentes, no primeiro andar de um discreto prédio no Largo José Moreira da Silva, no Porto.

A indefinição sentida à entrada estende-se ao próprio ofício: "Não é alfarrabista, mas também não é editor", diz a mulher, Paula, companheira de negócio. Talvez um misto, mas não se fica por aqui. Paulo e Paula gerem a In Libris-Sociedade para a Promoção do Livro e da Cultura. Fazem livros. À mão. Na In Libris só há edições limitadas, porque o tempo que os processos artesanais exigem não dá para mais.
(...) Mas as "maluqueiras" estão normalmente associadas aos livros. Livros de fotografia ilustrada por texto. É que Paulo, além de "fazedor" de livros, também é fotógrafo, editando muitos dos seus trabalhos através da In Libris. Um exemplo é Penso Sujo, pensado a partir do naufrágio do petroleiro Prestige. Paulo Ferreira fez um trabalho fotográfico a partir do desastre e convidou Carlos Tê para escrever um texto para cada imagem. O resultado foi compilado num estojo de ferro, deixado a enferrujar durante meses para imitar o casco do navio afundado. No interior, um forro separava as fotos do pesado invólucro. Não um forro convencional como os usados em álbuns de fotografia, mas um saco de lixo. "O objectivo era fazer um livro feio", explica Paulo Ferreira. (...)


in Público (28.12.2009)

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